Um espaço físico com forte aparato para
segurança indica a expectativa de violência e crime. Ao perceber sua
localização num espaço físico com a mensagem inequívoca de que há um preparo
quanto à violência (muros altos, cercas eletrificadas e grades, ou seja,
símbolos que indicam defesa territorial), o transeunte poderá assimilar a ideia
de que está num lugar perigoso. Peter BURKE[1]
afirma:
A violência e a expectativa dela deixaram muitos traços na paisagem urbana atual. Em Chicago, as fortalezas dos líderes dos muçulmanos negros chamam a atenção. Os morros cariocas também podem ser considerados como fortalezas, ou como no-go áreas , como dizem em Belfast , onde a polícia normalmente não ousa entrar. Os modernos condomínios de São Paulo, Nova York, Los Angeles e outras cidades, com sua segregação espacial, seus altos muros ou cercas e guardas de segurança na entrada – para não mencionar os cães e sistemas de alarme – são outro sinal da expectativa de violência.
Se por um lado uma “fortaleza” indica o
cuidado em proteger-se, também comunica segregação, “não-acolhimento”. O
“não-acolhimento” é materializado à percepção pelo descuido estético, a indicar
que a intenção de quem planeja, executa e conserva um determinado espaço físico
construído, não é o bem estar às pessoas.
A ausência de zelo perceptível e a presença
de equipamentos voltados à defesa (cercas eletrificadas) opõem-se à noção de
acolhimento, conforto e sensação de segurança; delimitam uma parte da cidade
onde o “permanecer” deve ser o mais breve possível.
[1]
BURKE,P. Violência urbana e civilização. In: Insegurança Pública – Reflexões
sobre a criminalidade e a violência urbana. Org: Nilson Vieira Oliveira. São
Paulo: Nova Alexandria, 2002. Páginas 32-50.
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