A matéria de hoje para leitura e reflexão relata a dificuldade dos moradores do Rio de Janeiro em receber suas
compras em casa, em razão de que varejistas recusam-se a entregar mercadoriasem meio a tiroteios.
Me parece muito lógica e compreensível a
atitude das lojas, mas para alguém que mora "morro acima" há mais um custo no
produto que acabou de comprar, encontrar alguém que faça o “carreto” e busque
seus bens no depósito da loja... Eventualmente a própria organização criminosa –
que governa o morro – oferece este tipo de “auxílio” para a comunidade...
O tema “impacto do crime e violência no
cotidiano” retorna ao blog. O assunto não está resolvido, ao contrário, parece
longe de algum tipo de solução – [...] 2,5 tiroteios por semana [...].
Expor midiaticamente que as “antigas” zonas
de conflito urbano - em territórios dominados por organizações criminosas e
fechados ao Estado – estão pacificadas e, ao mesmo, tempo ler notícias como
esta nos mesmos meios de comunicação, indica, até o momento, que não foi
possível debelar o crime e controlar a violência por decreto...
Em outras palavras “debelar o crime e
controlar a violência por decreto” significa alocar recursos humanos para áreas
perigosas/violentas – criando e povoando as UPP com policiais militares – a propor
o entendimento, equivocado, de que crime e violência são resolvidos unicamente
com ação policial, destaque para a fala de uma moradora:
“Eu não consigo entender essa pacificação. Ela veio com a promessa de trazer paz, cidadania, desenvolvimento social, mas só veio polícia. Para mim nada mudou, continua a mesma coisa”.
As UPP não resolveram os antigos problemas
ligados ao crime e à violência, entretanto há mais um aspecto perturbador nesta
questão: “De onde saíram os policiais militares que foram movimentados para as
UPP?”, e a pergunta naturalmente se atrela a outra: “Como estão os bairros, de
onde saíram os policiais militares das UPP?”.