Normalmente
eu faço a postagem com o link do endereço eletrônico do texto em destaque, desta vez
uso outra forma de abordar a notícia, colo a reportagem do Jornal O Vale Paraibano
na íntegra, com meus comentários (em vermelho).
O título
da postagem nos remete ao Carnaval brasileiro - tempo de brincadeiras, de samba
e do reinado de Momo. A maior festa do país, esperada o ano todo, aliás, dizem
alguns, “o ano só começa depois do carnaval”. Esse tempo de diversão e
esquecimento de questões mais sérias é refletido em situações críticas que merecem,
penso eu, consideração, atenção e, sobretudo, seriedade. Eis a matéria:
Quadrilha rouba 75 kg de
explosivos da obra da Tamoios
Da Redação, do Jornal Vale Paraibano
(07 DE FEVEREIRO DE 2013 ÀS 10H42)
Seis
criminosos [Seis
pessoas? Seis indivíduos entraram no canteiro de obras, à noite, de uma
construtora... Você, caro leitor, já tentou entrar num banco? É fácil? Me parece que tal
lógica não se aplica a um canteiro de obras com 850 quilos de dinamite e
detonadores...] roubaram
75 quilos de dinamite [Haviam 850 quilos à disposição,
mas “só” levaram o suficiente para explodir 54 caixas eletrônicos...] na
madrugada desta quinta-feira (07/02/13) no canteiro de obras da Rodovia dos
Tamoios (SP-99) em Paraibuna. Os explosivos seriam utilizados para a detonação
de rochas realizadas para a duplicação da rodovia, principal acesso ao litoral
norte de São Paulo.
O crime ocorreu por volta das 3h quando o
material explosivo chegava dentro de um caminhão ao canteiro de obras [O verbo “chegava” dá a impressão
de que o veículo estava em movimento, mas pelo texto é possível entender que já
havia chegado e estava estacionado.], próximo ao km 50. Segundo a
polícia, os assaltantes levaram parte da carga de 850 quilos que estava no caminhão, provavelmente para explodir caixas eletrônicos.
De acordo com o boletim de ocorrência, a
quadrilha, que estava fortemente armada e encapuzada, rendeu o motorista do caminhão que levava os explosivos e três
funcionários [A imagem, que se forma da cena, para
mim, é que não havia escolta, possivelmente o motorista – a dormir na boleia do
caminhão – talvez um vigilante/porteiro e mais dois trabalhadores.] que
estavam no canteiro de obras. Os quatro
reféns ficaram de joelhos ao lado do veículo [Quatro
reféns ao lado de um caminhão... e todo mundo em silêncio para, porventura, não
acordar os colegas... Ou seja, os seis bandidos agiram com um silêncio
absoluto, a imaginar que a madrugada seja o horário mais tranquilo do dia, com
menos ruídos.].
Com as vítimas rendidas, os criminosos
roubaram três caixas de dinamite, que totalizam 75 quilos de explosivos, além
de quatro detonadores para o material [Explosivos sem detonadores não são muito úteis, então, neste
canteiro, eles ficam próximos, para não dar muito trabalho...]. De
acordo com a polícia, os explosivos
roubados foram colocados dentro de uma Kombi do consórcio [Além de deixar os detonadores “à mão”, também foi “providenciado”
o transporte.] responsável pela obra e em seguida os criminosos fugiram
no veículo.
O carro foi abandonado pelos suspeitos e
encontrado horas depois a cerca de dez quilômetros do local de crime [Se a velocidade de fuga esteve em torno de 60 km/h, a viagem
durou 10 minutos.]. Ninguém foi preso.
A Dersa, responsável pelas obras de duplicação, foi procurada, mas não
respondeu até a publicação da reportagem.
O delegado José Machado de Araújo Filho
disse ao G1 que os explosivos roubados estavam em 54 cartuchos. "Estamos
preocupados porque cada cartucho é
suficiente para explodir um caixa eletrônico", disse. Araújo afirmou
ainda que irá acionar o Exército de Caçapava. “Eles [o Exército Brasileiro] também são responsáveis por fazer a
fiscalização do transporte de explosivos”.
Algumas questões:
·
Não há um plano estratégico quando há o
transporte de 850 quilos de dinamite? Penso que se houvesse, algo que fosse mais que um
calhamaço de papel, os criminosos nem conseguiriam entrar num local com tamanha
quantidade de dinamite; também chama a atenção o fato de que o explosivo ainda estava no
caminhão.
·
Volta-se à velha prática de tentar colocar o
guiso no rabo do gato, isto é, à busca de um culpado (os funcionários – daí o
relato de que os bandidos estavam fortemente armados e encapuzados -, a Dersa,
o Consórcio responsável pela obra, o Exército Brasileiro, a Polícia – “Ninguém
foi preso”.). E, a partir daí, pratica-se a velha fórmula “Não tenho nada com
isso, a minha parte eu fiz”.
·
Quantos 75 quilos de dinamite, mais os
detonadores, serão necessários para se tratar o assunto com seriedade?
Esse
episódio é mais alerta sobre como situações importantes, extremamente
delicadas, são tratadas no País do “Faz de contas”.
Em
outras palavras: Faz de conta que está tudo planejado; Faz de conta que o plano
será seguido; Faz de conta que a situação está sob controle; Faz de conta que a
informação sobre um carregamento de explosivos não será fornecida a criminosos;
Faz de conta que os detonadores ficarão longe, fisicamente, dos explosivos; Faz
de conta que material explosivo tem um local seguro para ser armazenado; Faz de
conta que o transporte de 850 quilos de dinamite não vai chamar a atenção de
ninguém; etc...