quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Roubo de cabelo...


Estarrecimento... o que falar de uma violência como esta ? A própria vítima ficou sem ação, durante o roubo, como relata no corpo da notícia.

A cultura da violência chegou a este ponto, isto é, em que alguém, que quer uma cabeleira longa e vistosa, vai até a fonte (a cabeça de uma outra pessoa) e, de tesoura em punho, pega o que quer... Pelo que entendi na narrativa do caso, em um telejornal, não é primeira vez que ocorre um "roubo de cabelo".

Cultura da violência

Gaviões da fiel usa fama de aterrorizante para ganhar dinheiro

Colo, para efeito desta argumentação, o que copio do wikipedia em espanhol, a respeito do termo cultura, como segue:
Os conjuntos de conhecimentos/saberes, crenças e padrões de comportamento de um grupo social, incluindo os meios materiais (tecnologias) que usam seus membros para se comunicar uns com os outros e resolver suas necessidades de todos os tipos[i] (grifo nosso).
Não sou antropólogo e nem pretendo esgotar o assunto ou mesmo redigir um tratado sobre “cultura”, todavia entendi como importante iniciar estas considerações, a partir dos comentários do link, sobre como percebo, e pretendo discutir/aprender, este fenômeno que entendo como cultura da violência.


O articulista (Ricardo Perrone, blogger do Universo on Line) busca atenção, ao texto, com os seguintes dizeres “Gaviões da Fiel usa fama aterrorizante para ganhar dinheiro”, a partir desta chamada se faz menção à venda de um adesivo com um slogam "violento"; fui até a home page (www.gavioes.com.br), e, de fato, está lá o anúncio do adesivo ao lado de uma nota de solidariedade à família do torcedor boliviano (“Kevin fica em paz”) morto durante uma partida de futebol, possivelmente atingido por um sinalizador.

Eu penso que a questão de que uma organização a comercializar uma mensagem de violência é relevante e merece atenção, porém eu acho que a mensagem, a buscar um significado, é mais impactante, visto que atinge um universo bem maior que o rol dos torcedores corinthianos associados à Gaviões da Fiel.

Mensagens de violência, como qualquer outro tipo de mensagem/discurso, adquirem significância numa sociedade cujos saberes, crenças e padrões de conduta em grupo indiquem/apontem algum tipo de valor nas tais mensagens/discursos, isto é, algo que legitime uma determinada lógica – tipo: olho por olho, dente por dente -, ou seja, à mensagem/discurso é comunicada coerência.

O que me preocupa/inquieta é que se há uma significação, na frase “OS GAVIÕES APAVORAM O BRASIL” e, para além disso, se os associados da Gaviões da Fiel Torcida, adotam a intimidação - “apavôro” - como uma mensagem legítima  e coerente, então estes “torcedores” estão fora de controle, visto que em suas práticas se excluem do Estado de direito, "caminhando" para o estabelecimento da lei do mais forte, de quem mais apavora...

Outra questão impactante à sociedade, penso eu, é que a Gaviões da Fiel não é a detentora do monopólio da violência, também há outras torcidas organizadas, por suas ações, que reivindicam o “uso legítimo da força”, para além do Estado – como disse Max Weber –, das organizações criminosas, etc, etc, etc... É muita gente advogando em favor da violência, não é mesmo?

Em outras palavras, eu diria que HÁ MUITOS SERES HUMANOS, O QUE PARECE SER UMA REGRA MAIS FREQUENTE A CADA DIA, USANDO A VIOLÊNCIA[ii], COMO PRIMEIRA OPÇÃO, PARA COMUNICAR SUAS MENSAGENS E PARA SOLUCIONAR TODO TIPO DE NECESSIDADES, e a esse fenômeno eu proponho a denominação de “cultura da violência”.


[i] Tradução do original: Los conjuntos de saberes, creencias y pautas de conducta de un grupo social, incluyendo los medios materiales (tecnologías) que usan sus miembros para comunicarse entre sí y resolver sus necesidades de todo tipo.
[ii] Uso do poder de forma abusiva para submeter outras pessoas (o poder manifesto em diferentes naturezas, isto é, econômico, da força física, de ordem emocional, etc).

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Vale a pena cometer crimes no Brasil?



A notícia é autoexplicativa sobre o sistema de “justiça” brasileiro, onde ganhar nem sempre é levar, e tal sistema propicia situações contrárias ao senso comum do que seria a Justiça, eventos inusitados até mesmo para um promotor público experiente.

A justiça pode ser definida, como verifiquei na internet, como:
O conceito de justiça tem a sua origem no termo latino iustitĭa e refere-se a uma das quatro virtudes cardinais (ou cardeais), aquela que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido. A justiça é aquilo que deve fazer de acordo com o direito, a razão e a equidade.


Tanto a frase bombástica do promotor como o fato de um parricida condenado (correndo o “risco” de receber a herança legada pelo falecido pai), certamente influenciam, por seus efeitos práticos e simbólicos, o que os brasileiros pensam/sentem sobre a Justiça, ou seja, esta situação entra como mais um ingrediente a formar o contexto Segurança Pública.

Não tenho dúvidas de que a declaração de falência da justiça brasileira impactará o contexto da insegurança pública.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

É bonito ser feio ?


A frase-título remete ao bordão de um humorista que se diz “feio”... A graça está no jogo de palavras <bonito> e <feio>. Quanto à aplicação de <feio>, na brincadeira, é certo que a referência é a uma determinada pessoa que não é bonita.

Quando à relação entre os termos é nítido que o que é categorizado como feio não poderia sê-lo, simultaneamente, como bonito, logo o sentido que torna a pergunta engraçada é a aplicação da palavra com a conotação de agradável, bacana, legal. A resposta à pergunta é óbvia – Não ! -, em outros termos: “É agradável/bacana/legal ser feio?”.

Entretanto parece que há uma lógica inversa em alguns comportamentos, nos quais a resposta poderia ser "Sim!". Me refiro especificamente a algumas pessoas que buscam comunicar que é bonito ser feito, por via de gestos, vestuário, vocabulário e referências a coisas “feias”, como o delito e a violência. Tal situação é bem perceptível, segundo penso, nas mensagens transmitidas, por  exemplo, por alguns desenhos para tatuagens, como estes que encontrei na internet (muito frequentes entre jovens e adolescentes):

O que é inquietante é que a questão é simbólica, isto é, não há garantias/evidências de que quem comunica (por via de gestual, vestimenta, vocabulário) ser criminoso é, de fato, criminoso, possivelmente apenas procure aparentar ser um criminoso, o que indica que há algo que parece oferecer alguma vantagem a quem se passa por bandido, mas o que levaria alguém a querer se parecer com um bandido? Imagino que muitas possibilidades se apresentariam para propor o entendimento a tal situação, não é o caso deste texto.

A categorização de um ambiente é o resultado da soma de, pelo menos, dois aspectos, a morfologia do ambiente arquitetônico (as formas, as linhas, as cores, etc) e os ocupantes deste espaço físico. Há uma conexão direta, conforme acredito, entre a hostilidade/agressividade daqueles que pensam que é bonito ser feio/desagradável/agressivo/incômodo, e a qualificação com o ambiente, isto é, o ambiente passa a ser entendido como feio/desagradável/hostil/inóspito, sobretudo um espaço físico a ser evitado.

Em outras palavras: A relação entre ambientes "feios" e ambientes a se evitar é diretamente proporcional. Talvez por isso o espaço público urbano em algumas cidades brasileiras, especialmente as megalópoles, passa a ser percebido como lugar onde não se deve ir/ficar. E isto vai continuar, desta forma, enquanto for "bonito ser feio"...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Investir em pessoas ou em sistemas contra o crime?

Grupo de 30 homens assalta distribuidora de tablets em Campinas

Dez caminhões, oito automóveis e trinta homens !!! É um evento cinematográfico, resultado de planejamento minucioso e execução, até o momento, irrepreensível. Não se trata de exaltar a ação dos criminosos, mas de constatar seu inegável sucesso. E o êxito da missão criminosa propicia reflexão, de minha parte, sobre como é tratada a prevenção ao crime, isto é, atuando numa direção, penso eu, equivocada.

É lamentável, sob minha ótica, a insistência maciça em investir talento, tempo e recursos financeiros em equipamentos e sistemas contra o crime. É cada vez mais frequente/patente a quebra de esquemas “infalíveis”, e isso ocorre porque não há nenhum aparato que seja intransponível, visto que em algum momento haverá algum efeito do uso/operação destas parafernálias por seres humanos, que não são máquinas e que cometem enganos (involuntariamente ou não...).

Outro ponto de reflexão é que enquanto há pessoas com muito talento/genialidade para montar armadilhas e obstáculos para criminosos, há outras pessoas com muito talento/genialidade para ludibriar as armadilhas e transpor os obstáculos.

O cinema, a reboque da realidade, e até “didaticamente”, tem demonstrado que, nesta trama polícia/ladrão, o ladrão acumula pontos e mais pontos, ou ainda, fortunas e mais fortunas...

Pode ser que minha linha de argumentação pareça utópica e inatingível, mas penso que passou da hora de investir mais no homem e menos nos sistemas de segurança. É tempo de resgatar a dignidade da pessoa humana de forma ampla, geral e irrestrita, seja na educação, no emprego, na habitação, na sociedade, etc, etc, etc...

A prosseguir nesta lógica de se armar mais e mais, contra as organizações criminosas, chegar-se-á a algo similar ao embate da guerra fria (se é que já não estamos neste ponto), EUA versus URSS, com uma corrida armamentista que não levou nenhum dos dois oponentes à vitória, à época era comum ouvir que o poderio bélico das superpotências era capaz de destruir a Terra várias vezes, ledo engano, o planeta só pode ser destruído uma única vez... Uma analogia interessante com os modernos sistemas de segurança condominial, em que se troca a liberdade por uma tranquilidade não garantida, o que se atesta pelas grades, videomonitorização e muros, que mais segregam espacialmente - clausuras e celas -, que protegem de fato.

É evidente que a manutenção da ordem pública depende de ações contra o crime e a violência, algumas vezes por via do uso de armas, entretanto também é claro que sem investimento na pessoa humana o único resultado em vista será uma guerra civil, em que se estabelecem dois lados cada vez mais demarcados (física e ideologicamente) e distantes.

Uma hora e meia de cotidiano inseguro

Hoje, dia 18/02/13, fui até o Shopping Aricanduva (São Paulo-SP) para a revisão do meu carro.
Para ir do apartamento até a oficina eu tive que planejar o melhor itinerário, visto que a capital paulistana apresenta um trânsito “estressante”, ainda bem que o roteiro é no “contra fluxo”...
Na oficina eu deixei o carro e tive que ir até a estação de Metrô mais próxima, mas como estava com duas camisas da farda eu tive que pensar qual seria a melhor opção, pois em São Paulo não tem sido muito tranquilo andar com uniforme da Polícia Militar, vestindo-o ou não... Decidi ir de táxi, já que o Metrô estava perto.
O itinerário até que não estava congestionado, mas quando o motorista decidiu mudar de faixa houve um problema: um “motoqueiro” (mais para cachorro loco que para motociclista) xingou o motorista e gesticulou (uma reprimenda pela transposição de faixa). Não me pareceu que o taxista tenha “fechado” o motoqueiro, mas é que motoqueiros não podem desacelerar, senão ficam nervosos e, em alguns casos – como citou o motorista – chutam as portas e quebram os espelhos retrovisores...
Cheguei ao Metrô, até entrar no trem tudo normal, onde vi uma cena que nunca imaginei, um dos usuários fecha o bolso da calça com um alfinete – daqueles que se usava em fraldas de pano. Olhei para o moço, intrigado com a cena, e o interpelei, “Trancando o bolso, amigo?”, e obtive a resposta “Pois é, tranco antes que alguém queira me furtar”.
Fiquei pensando na frase “A dor ensina a gemer” e encontrei outras pessoas “gemendo” no vagão, a maioria com suas mochilas viradas para frente (junto ao peito, muito mais incômodo, porém menor a facilidade para furtos) e atentas à movimentação de outros passageiros.
Imediatamente virei minha mochila e fiquei com a mão dentro do bolso onde estavam a carteira e o telefone (Macaco vê, macaco faz... Ou melhor, a insegurança e o medo são contagiosos). Situações corriqueiras do nosso cotidiano de insegurança pública, quando mesmo um simples deslocamento se transforma numa aventura.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Samba-enredo vencedor da Unidos da Tamoios: No país do "faz de conta"

Normalmente eu faço a postagem com o link do endereço eletrônico do texto em destaque, desta vez uso outra forma de abordar a notícia, colo a reportagem do Jornal O Vale Paraibano na íntegra, com meus comentários (em vermelho).

O título da postagem nos remete ao Carnaval brasileiro - tempo de brincadeiras, de samba e do reinado de Momo. A maior festa do país, esperada o ano todo, aliás, dizem alguns, “o ano só começa depois do carnaval”. Esse tempo de diversão e esquecimento de questões mais sérias é refletido em situações críticas que merecem, penso eu, consideração, atenção e, sobretudo, seriedade. Eis a matéria:

Quadrilha rouba 75 kg de explosivos da obra da Tamoios
Da Redação, do Jornal Vale Paraibano
(07 DE FEVEREIRO DE 2013 ÀS 10H42)

Seis criminosos [Seis pessoas? Seis indivíduos entraram no canteiro de obras, à noite, de uma construtora... Você, caro leitor, já tentou entrar num banco? É fácil? Me parece que tal lógica não se aplica a um canteiro de obras com 850 quilos de dinamite e detonadores...] roubaram 75 quilos de dinamite [Haviam 850 quilos à disposição, mas “só” levaram o suficiente para explodir 54 caixas eletrônicos...] na madrugada desta quinta-feira (07/02/13) no canteiro de obras da Rodovia dos Tamoios (SP-99) em Paraibuna. Os explosivos seriam utilizados para a detonação de rochas realizadas para a duplicação da rodovia, principal acesso ao litoral norte de São Paulo.

O crime ocorreu por volta das 3h quando o material explosivo chegava dentro de um caminhão ao canteiro de obras [O verbo “chegava” dá a impressão de que o veículo estava em movimento, mas pelo texto é possível entender que já havia chegado e estava estacionado.], próximo ao km 50. Segundo a polícia, os assaltantes levaram parte da carga de 850 quilos que estava no caminhão, provavelmente para explodir caixas eletrônicos.

De acordo com o boletim de ocorrência, a quadrilha, que estava fortemente armada e encapuzada, rendeu o motorista do caminhão que levava os explosivos e três funcionários [A imagem, que se forma da cena, para mim, é que não havia escolta, possivelmente o motorista – a dormir na boleia do caminhão – talvez um vigilante/porteiro e mais dois trabalhadores.] que estavam no canteiro de obras. Os quatro reféns ficaram de joelhos ao lado do veículo [Quatro reféns ao lado de um caminhão... e todo mundo em silêncio para, porventura, não acordar os colegas... Ou seja, os seis bandidos agiram com um silêncio absoluto, a imaginar que a madrugada seja o horário mais tranquilo do dia, com menos ruídos.].

Com as vítimas rendidas, os criminosos roubaram três caixas de dinamite, que totalizam 75 quilos de explosivos, além de quatro detonadores para o material [Explosivos sem detonadores não são muito úteis, então, neste canteiro, eles ficam próximos, para não dar muito trabalho...]. De acordo com a polícia, os explosivos roubados foram colocados dentro de uma Kombi do consórcio [Além de deixar os detonadores “à mão”, também foi “providenciado” o transporte.] responsável pela obra e em seguida os criminosos fugiram no veículo.
O carro foi abandonado pelos suspeitos e encontrado horas depois a cerca de dez quilômetros do local de crime [Se a velocidade de fuga esteve em torno de 60 km/h, a viagem durou 10 minutos.]. Ninguém foi preso. A Dersa, responsável pelas obras de duplicação, foi procurada, mas não respondeu até a publicação da reportagem.
O delegado José Machado de Araújo Filho disse ao G1 que os explosivos roubados estavam em 54 cartuchos. "Estamos preocupados porque cada cartucho é suficiente para explodir um caixa eletrônico", disse. Araújo afirmou ainda que irá acionar o Exército de Caçapava. “Eles [o Exército Brasileiro] também são responsáveis por fazer a fiscalização do transporte de explosivos”.

Algumas questões:
·         Não há um plano estratégico quando há o transporte de 850 quilos de dinamite? Penso que se houvesse, algo que fosse mais que um calhamaço de papel, os criminosos nem conseguiriam entrar num local com tamanha quantidade de dinamite; também chama a atenção o fato de que o explosivo ainda estava no caminhão.
·         Volta-se à velha prática de tentar colocar o guiso no rabo do gato, isto é, à busca de um culpado (os funcionários – daí o relato de que os bandidos estavam fortemente armados e encapuzados -, a Dersa, o Consórcio responsável pela obra, o Exército Brasileiro, a Polícia – “Ninguém foi preso”.). E, a partir daí, pratica-se a velha fórmula “Não tenho nada com isso, a minha parte eu fiz”.
·         Quantos 75 quilos de dinamite, mais os detonadores, serão necessários para se tratar o assunto com seriedade?

Esse episódio é mais alerta sobre como situações importantes, extremamente delicadas, são tratadas no País do “Faz de contas”.

Em outras palavras: Faz de conta que está tudo planejado; Faz de conta que o plano será seguido; Faz de conta que a situação está sob controle; Faz de conta que a informação sobre um carregamento de explosivos não será fornecida a criminosos; Faz de conta que os detonadores ficarão longe, fisicamente, dos explosivos; Faz de conta que material explosivo tem um local seguro para ser armazenado; Faz de conta que o transporte de 850 quilos de dinamite não vai chamar a atenção de ninguém; etc...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

O mais recente "não" partido político brasileiro



O novo movimento político, capitaneado por Marina Silva, é mais um momento de esperança em relação ao futuro de nosso país, principalmente pelos desafios que enfrentará para ser oficializado, o desafio em si é estimulante, em vista de que se fosse mais um partido aos sabores do continuísmo seria fácil.

A propósito dos entraves que situação e oposição devem mobilizar contra a ex-senadora, penso, a concordar com o comentarista da CBN, Merval Pereira, que deve mesmo ser assustador, para aqueles que atuam segundo os padrões da velha politicagem brasileira, ver gente se aglutinando em torno de uma ideia, de um ideal (algo raríssimo), a começar pelo nome “Rede Sustentabilidade”, visto que a partir daí já há uma intenção de se desvincular do rótulo “partido político”, com a carga negativa que o termo amealhou nas últimas décadas.

Os discursos da ética, do bem servir, da lisura no trato sério e honesto com a coisa pública e de outras palavras-chave da nova agremiação política ensejam um momento de união na busca por um Brasil melhor, mais forte, mais justo, mais cidadão, mais urbano e, também (porque não?), com mais segurança pública, visto que todos os valores elencadas nos discursos mencionados vêm a compor um contexto que propicia mais chances de realização pessoal, social, profissional e humana.

Que tudo ocorra da melhor forma possível e que o não-partido político de Marina Silva alce vôo !!!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Uma luz no fim do tunel, por via da educação


A ótima notícia de Gilberto Dimenstein dá conta de que a avaliação de 16 escolas, em regime integral, aponta que os alunos estão 40% mais aptos em português e matemática, e isso no primeiro ano da prática, evidentemente que com o tempo esse aproveitamento escolar tende a atingir níveis superiores.

Destaque para a característica, peculiar ao Programa, do aumento salarial em 75%, para os professores com dedicação exclusiva à escola.

O jornalista, no corpo da mensagem, ainda se refere ao aumento no número de escolas públicas estaduais, filiadas ao programa, de 16, em 2012, para 56 em 2013.

De minha parte vejo uma excelente perspectiva para o tema segurança pública, em vista de que a realização pessoal/acadêmica dos alunos, aliada ao apoio da família, propicia melhor ambiente para ganhos em cidadania e civilidade, nas palavras de Gilberto Dimenstein "uma luz no fim do túnel" vinda da educação.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Cães parecem entender a Teoria da Criminologia Ambiental



Esta nota vem ao encontro do que está explicito, por vezes implícito, nas postagens deste blog (por exemplo: http://segurancapublicainterdisciplinar.blogspot.com.br/2012/12/teoria-da-criminologia-ambiental-tca.html), ou seja, o ambiente arquitetônico, por suas condições, indica ao criminoso qual o melhor momento/lugar para cometer delitos, seja por conta da iluminação (locais escuros, sombrios), seja por conta de obstáculos à visualização do ambiente (paredes cegas, arbustos), ou mesmo por situações de “armadilhas” aos pedestres (becos sem saída, vias com desenhos labirínticos, etc). Em outras palavras: até os cachorros sabem disto.

A questão inquietante, relativa à (in)segurança pública, transparece no fato de que, ao que tudo indica, os cães têm melhor percepção da realidade vivida por milhares de pedestres - nas ruas e à mercê de criminosos -, que os responsáveis pelo projeto arquitetônico de espaços públicos urbanos, e administradores públicos encarregados executar projetos e manter os tais espaços públicos em boas condições.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A insegurança e o trabalho policial

Insegurança aumenta e 91% acham pouco seguro viver em São Paulo

O número de homicídios caem, mas a insegurança na capital paulista aumenta...

O que chama minha atenção, nesta notícia, é que está na parte do jornal destinada ao assunto “Polícia”, mas nas causas elencadas, para a ocorrência do crime e da violência, muito pouco há de trabalho policial, como segue:
"As periferias de São Paulo sofrem com um total vazio de equipamentos culturais, lazer e de educação, principalmente do ensino médio, e com a falta de oportunidades de trabalho. (...) Mais de 250 mil jovens entre 15 e 19 anos estão fora do ensino médio, e o índice de desemprego entre 15 e 24 anos é elevado. (...) Isso é a base do problema. O que nós propomos são medidas - de curto, médio e longo prazo -, para enfrentar a violência na raiz de suas causas, e não focar só no combate à criminalidade, para que os jovens tenham mais alternativas que não sejam o crime", explicou o coordenador executivo da ONG.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Estupro coletivo no México

Estupro coletivo de espanholas em praia choca o México


Me parece que a involução da especie humana está cada dia mais próxima da barbárie total...


Há pouco tempo o mundo ficou consternado com o estupro de uma mulher, por um bando de indianos, que serviu como um alerta inequívoco de que não há segurança, contra crimes sexuais em espaços urbanos públicos indianos, após o por-do-sol. No caso mexicano a violência atingiu um novo patamar, mais grave, um grupo de homens atacou um grupo de mulheres, que estavam "abrigadas" numa residência, isto é, não é uma situação de oportunidade, mas sim um ato planejado.

O mundo está se transformando num lugar inóspito regido pela "lei do cão" - quem pode mais chora menos.

Sensação de insegurança em Santa Catarina esvazia carnaval



A relevância do tema (in)segurança pública é atestada, mais uma vez, na reportagem do Estadão. É uma pena, para não dizer “desastroso”, que a manutenção das condições que propiciam a manutenção da ordem pública não seja levada em consideração em políticas públicas...

A considerar a sensação de segurança, como o resultado de um contexto – o que defendo neste espaço - também se faz necessário compreender que a sensação de (in)segurança também compõe o contexto, isto é, é produto e produtora simultaneamente, em outras palavras poder-se-ia dizer que a sensação de segurança é o resultado de uma reação em cadeia e, ao mesmo tempo, faz parte, como componente fundamental, da cadeia que a produz.

Outro aspecto de grande relevância é compreender que o resultado “sensação de (in)segurança” parece adotar um comportamento semelhante ao do meio ambiente natural, no dizer de Albert Einstein: “Quando agredida, a natureza não se defende. Apenas se vinga.”. Muito bom seria, para todos, se os administradores públicos tivessem consciência de que são responsáveis, por via de suas políticas públicas, por contextos seguros ou violentos, e que nós, os eleitores, ao escolhê-los, tenhamos em vista estes resultados.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Adolescente vai presa após mostrar o dedo para juiz nos EUA

Mulher desrespeita juiz, na corte, e é condenada a US$ 10.000,00 e prisão


Há uma onda de permissividade acompanhada do, seu aliado natural,  deboche, que assola o cotidiano em sua face mais ameaçadora, qual seja, quando tanto uma quanto o outro manifestam-se contra instituições fundamentais, como a educação, por exemplo - o que registrei numa de minhas postagens, a respeito de uma aluna que, em sala de aula, achincalha o sagrado ambiente escolar (http://www.segurancapublicainterdisciplinar.blogspot.com.br/2012/05/aluna-faz-danca-erotica-para-professor.html).
Me parece que a falta de coragem para impor limites - limites exigíveis e razoáveis para possibilitar a convivência de seres humanos em grupo -, ou ainda o medo da pecha de intolerante/retrógrada(o), têm impulsionado um sentimento infantil de que vale tudo e todo mundo é obrigado a tolerar/relevar tudo, absolutamente TUDO, o que é estimulado por programas de televisão, custeados pela audiência, a base de "pegadinhas" e humilhações...
Entretanto no caso de Penélope Soto (18 anos, condenada por posse de entorpecentes) a coisa não foi bem assim, o juiz Jorge Rodriguez-Chomat mostrou para a moça que suas gracinhas, dizeres e gestos não foram adequados ao ambiente de um tribunal.
Entendo a atitude do juiz como providencial e didática, principalmente nesta época de “ninguém é de ninguém”, a nós outros, no sentido de lembrar que é importante que comportamentos, mensagens e posicionamentos sejam adequados ao lugar e ao momento. Com destaque para o fato de que quem extrapola os limites de outrem, normalmente, não “curte” ser “apresentado” às consequências de seus atos, isto é, pretende anular a 3ª Lei de Newton (A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: ou as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos. Fonte: www.wikipedia.org).

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Repassando o artigo da Revista do Forum Brasileiro de Segurança Pública: Política de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Segurança Pública


Há uma grita, inclusive de minha parte, em relação à falta de seriedade com os assuntos relativos à segurança pública, no artigo “Política de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Segurança Pública”, de Zil Miranda, encontrei várias informações, e destaco o seguinte trecho:
De fato, a comunidade acadêmica se aproximou dos problemas sociais, como violência e criminalidade urbana, colocando na agenda temas como justiça criminal, papel desempenhado pelo Estado na prevenção e combate aos atos de crime e violência.

Me encarreguei em partilhar algumas informações com um colega policial militar e repasso, a todos, o acesso , na Revista do Forum Nacional de Segurança Pública, eletrônico ao texto:

Eis o resumo do artigo:
O objetivo deste trabalho é apresentar um pequeno balanço das iniciativas recentes do governo brasileiro de apoio ao desenvolvimento industrial, científico e tecnológico no campo da segurança pública. É notório que essa área ganhou visibilidade nos anos mais recentes, sendo que as ações conduzidas pelo Ministério da Justiça contribuíram de modo decisivo para tanto. Essa maior exposição, contudo, não permitiu ou não foi suficiente para que o tema da segurança passasse a orbitar efetivamente entre as áreas focais das políticas de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) do governo federal. Todavia, o dado positivo é que há condições para uma atuação mais incisiva nessa direção, uma vez que a preocupação com a política industrial, articulada com a de ciência e tecnologia, tem lugar na agenda do governo, assim como tem espaço garantido o problema com as questões da segurança pública.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Acomodação ao crime e à violência


Abro um site de internet, como sempre faço, e vejo algumas “chamadas” sobre o BBB-13, uma despertou minha curiosidade e abri para ver, isso depois de tudo que já foi escrito sobre o BBB, textos sérios ou não, e eis o texto:
BBB terá ‘sequestro relâmpago’ depois do carnaval

A novidade faz parte da ação "Sumiu, apareceu", anunciada anteriormente por Boninho, foi revelada no site de Patrícia Kogut.

Um integrante será raptado para passar o dia num SPA!
A despensa da casa é que servirá de armadilha para o sortudo. O primeiro participante que entrar no cômodo, na manhã de sábado (16) - depois do carnaval - será capturado e levado para desfrutar do prêmio fora do confinamento.
Ao ler este texto curto, destaquei algumas palavras e fiquei pensando no uso de uma terminologia que até algum tempo era usada especificamente em assuntos ligados ao crime e à violência.

A banalização e, de certa forma, a glamurização do crime e da violência, desde a programação da TV, passando pelos medos diários e conversas de bar, até um texto de chamada para o BBB-13 apontam para uma acomodação a uma situação ruim, que tende a ser péssima. Pode ser que o BBB-13, por seus organizadores, não queira, de fato, cultuar e glamurizar o crime, mas a alusão "positiva" (o sortudo que for raptado/sequestrado), na minha opinião, é perniciosa a todos. 

É preciso uma conscientização geral de que a violência e o crime não são banais, nem naturais e nem normais, a exemplificar, ter receio de usar o espaço urbano público, evitar estar em ambientes abertos, não é normal o normal é andar pelas calçadas tranquilamente.

Na "casa arrumada” é mais fácil encontrar tranquilidade, segurança, qualidade de vida

Zona norte do Rio concentra bairros com maior necessidade de políticas públicas, diz estudo


A cultura “dever do Estado, direito e responsabilidade de TODOS” deve estar presente no cotidiano, e esta responsabilidade está relacionada à cobrança, ao Estado e aos indivíduos, por boas condições ao ambiente de vivência. Ressalte-se, de dentro do texto da matéria, o que Rosiska Darcy de Oliveira (na matéria o nome dela está errado) disse:
Um detalhe curioso da pesquisa é que 70% das pessoas dizem que o Rio é uma cidade suja. Se tanta gente reclama, quem joga o lixo? Nós mesmos.
O mesmo raciocínio vale para outros aspectos da vida, saúde, segurança, educação, etc...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O conceito “Bunker” como estratégia contra a insegurança urbana

Um local de paz artificial, exclusivo e isolado

Bunker é uma fortificação militar para defesa, projetado para proteger as pessoas de bombas aéreas e outros tipos de ataques, isolando-as do mundo exterior.


O texto de Luís Pompeo, por via das lentes da arquitetura e urbanismo, aponta a estratégia dos mais abastados contra a insegurança urbana. O projeto em análise - Empreendimento Parque Cidade Jardim - é apresentado como o resultado de um conceito, muito frequente no mercado imobiliário brasileiro, de auto-segregação espacial como solução de enfrentamento à insegurança urbana, isto é, quanto maior for o isolamento, em relação ao “mundo externo”, maior a sensação de segurança, sendo que a extrema aplicação da ideia é “envelopar” uma área dentro da cidade, que tenha “vida independente” da cidade.

Atrevo-me a somar, à crítica arquitetônica, um olhar de segurança pública em relação ao conceito “Bunker”, no sentido de pontuar duas considerações, quais sejam, o entendimento de que a condição urbana não é garantia de qualidade de vida e a categorização socioeconômica para o acesso à sensação de segurança.

A busca pela solução da auto-segregação espacial e isolamento, pelas classes sociais mais abastadas, revela a transformação das cidades – especialmente os espaços urbanos públicos - em locais hostis e, sobretudo, não acolhedores.

O outro ponto digno de atenção, em relação ao conceito do isolamento total, decorre do fato de que apenas uma pequena parte da população pode pagar pelo “privilégio” de evitar a violência e o crime. Tal condição leva a uma categorização – pobres e ricos –, esta categorização resulta da separação física entre grupos socioeconômicos, os que estão dentro e os que estão fora.

Será que apenas os mais abastados têm, na condição intra-urbana pós-moderna, garantia de tranquilidade?

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Atestado de hipocrisia

Empresários da noite falam sobre pedidos de propina de até R$ 200 mil


A propósito das casas noturnas inseguras, eis uma amostra de como funciona “a coisa”, isto é, como é que são liberadas, para funcionamento, as boates na cidade de São Paulo. Em linhas gerais a Folha registrou que é muito difícil regularizar casas noturnas (leis complicadas e rigorosas e funcionários públicos mais propensos a oferecer dificuldades para vender facilidades), e mais, quanto se cobra para se obter alvará de funcionamento.

Se existem casas noturnas funcionando de forma irregular, e existem, e se sem propinas não se consegue regularizar o negócio, então os donos pagaram as propinas solicitadas. Imagino que as bilheterias rendam muito dinheiro, o suficiente para pagar as propinas, manter a casa e gerar lucro (que deve ser o objetivo dos empreendimentos...), dinheiro suficiente para acalmar a consciência dos empresários em relação ao risco para os usuários.

Em outras palavras, os funcionários públicos fazem vista grossa para irregularidades, e recebem por isso (o que é pernicioso e inaceitável), mas os empresários são os protagonistas das irregularidades (que também é pernicioso e inaceitável), e agora vêm a público, por via da Folha de São Paulo, para reclamar/denunciar dos funcionários públicos que cobram propina ???

A denúncia/reclamação seria mais ética/honesta se viesse de pessoas que não compactuam com o funcionalismo público corrupto e, para além disso, que entendessem a vida humana como sendo de maior valor que os lucros auferidos em suas bilheterias.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Cidades e sentimento de insegurança


CIDADES E SENTIMENTO DE INSEGURANÇA: VIOLÊNCIA URBANA OU INSEGURANÇA URBANA?

A violência e insegurança urbanas são, como se defende neste artigo, questões societais centrais ocupando um espaço significativo no quadro da preocupação dos indivíduos e da vivencia democrática, em todo o Mundo. A sua análise pressupõe uma leitura ampla da globalização e das dinâmicas urbanas que caracterizam a modernidade tardia nas suas dimensões social, cultural, política e económica.

Não esgotando o universo das criminalidades da sociedade actual, a violência e insegurança urbanas impõem a necessidade de um novo quadro institucional e a definição de novas políticas de segurança pública que dêem respostas à insegurança instalada no quadro da sociedade urbana. A prevenção e o combate à criminalidade e a diminuição da insegurança e do medo do crime surgem como factores essenciais ao desenvolvimento económico e social.

A análise compreensiva da relação entre a emergência do sentimento de insegurança e a evolução da criminalidade permite o  conhecimento do modo como a sociedade contemporânea vive e se articula com a problemática da segurança.