Há um
destaque importante sobre a Revolução Industrial (sec. XVIII, XIX), as péssimas condições laborais, dentre estas a mais perniciosa
era a admissão de crianças no chão de fábrica, principalmente pelo fato de que
o trabalho infantil se destinava a atender uma demanda terrível dos patrões,
isto é, uma criança conseguia entrar nas máquinas de tear, em meio às facas e
outros instrumentos letais, e realizar tarefas (troca de facas, emendas em fios
de linha, etc). Nestas tarefas as crianças feriam-se, perdiam membros, morriam.
Quando
as condições tornavam-se insuportáveis havia um remédio utilizados pelos operários,
na Europa Central: o tamanco. O processo consistia em colocar um tamanco de
madeira entre as engrenagens, a emperrá-las. O nome francês para tamanco é sabot, de onde deriva o termo sabotagem.
Trazendo
o assunto ao tema do blog, menciono a situação em que uma mulher foi empurrada para os trilhos do metrô por um homem esquizofrênico, o qual foi reconhecido e denunciado por
comportamentos agressivos diversas vezes (segundo a TV Globo foram 24 denúncias
a partir das imagens publicadas em telejornal).
A questão
é que o doente não recebeu os cuidados necessários e, por conta disto, a
população fica à mercê de seus surtos violentos. Não há como prevenir tais
eventos. Preocupa-me a quantidade de pessoas nas mesmas condições psíquicas do
agressor em destaque.
As
engrenagens do Sistema de Segurança Pública estão sujeitas a muitas
possibilidades de “emperramento”, principalmente quando se adota o lamentável
equívoco de que Segurança Pública é assunto exclusivo de Polícia. No evento
envolvendo o rapaz esquizofrênico há campo para outros responsáveis
institucionais que nem de longe estão afetos, diretamente, ao trabalho
policial, como o setor de saúde, por exemplo.
Existem
muitos “tamancos” que impactam, negativamente, o sistema de segurança pública,
a má qualidade da educação formal, a falta de moradia digna, o desemprego, as
condições sociais, os valores cultuados no Brasil contemporâneo, etc.
Aos policiais
resta o trabalho de passar pelas engrenagens enferrujadas, esquivando-se –
quando possível – das facas e eixos pontiagudos e tentar, “tentar”, emendar situações,
problemas, conflitos, ocorrências...