terça-feira, 27 de novembro de 2012

O reducionismo se opõe às possibilidades de soluções para o quotidiano contemporâneo


Como se explica que não sejamos capazes de resolver os problemas urbanos que caracterizam as nossas cidades, neste início de século - degradação do centros, pobreza, falta de alojamento em bairros sociais por oposição ao número crescente de habitações vazias, conflitos étnicos e raciais em bairros de emigrantes, crescente insegurança? Como pensar a participação dos cidadãos na sua cidade e que direitos exercem efectivamente? O que define as várias identidades que compõem a cidade e que papel lhes cabe exercer; os trabalhadores, as mulheres, os emigrantes, as minorias étnicas?

Por detrás destas questões, esconde-se, actualmente, uma certa renúncia em compreender estes fenómenos sob o ponto de vista de uma totalidade social e de procurar medidas governativas capazes; procura-se antes analisar as questões sob perspectivas técnicas especializadas e fragmentárias e visões políticas reducionistas, reveladoras da incapacidade de resolver os verdadeiros problemas.

PROENÇA, Maria Cristina Oliveira. A Cidade e o Habitar no Pensamento de Henri Lefebvre. Dissertação de Mestrado, Universidade de Coimbra, 2011, pág. 9.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

"O que significa estar seguro?" de Cecilia Varela

O que significa estar seguro?

Desde a implementação de pesquisas de vitimização (EV), os pesquisadores de vitimologia percebem o paradoxo que leva a um menor risco de setores da vitimização criminal (principalmente mulheres e idosos) a níveis maiores de medo do crime, e em vez disso os mais expostos à criminalidade (jovens) expressam os níveis mais baixos de medo. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é explorar, usando representações, a estratégia qualitativa em relação à questão da segurança na área de idosos.

sábado, 17 de novembro de 2012

Isolamento ao modo "Pablo Escobar"

Encarceramento à la Pablo Escobar

O texto me remeteu à situação de Pablo Escobar, narcotraficante colombiano, que concordou em ficar na cadeia desde que ele mesmo a fizesse, e foi o que aconteceu.
Muito interessante o texto, revelador. Mais um sinal de alerta piscando. Ou ainda, no dizer de Emanuel Aquino Lopes, uma espécie de frase (no caso um texto) de para-choque de caminhão...
E, por falar no Cel Emanuel Aquino Lopes, transcrevo seus cometários sobre o artigo:


Algumas observações que considero pertinentes: os principais nós de amarração da facção não estão somente na capital do Estado de São Paulo, mas ultrapassou fronteiras estaduais e possui sucursais importantes onde a população carcerária é expressiva. Outro aspecto importante: em 2006 essa facção não exibiu musculatura alguma sendo debelada com rapidez, o que ocorre hoje de longe não se compara àquela época...podemos dizer que ali foi um ensaio...para ambos os lados. Quanto à “canhestra e míope politica militarizada de segurança pública”, por favor não debite esta conta apenas aos fardados, pois temos uma Polícia Civil que resolve apenas 5% dos casos que lhe são comunicados e uma Polícia Técnica, também civil, totalmente desaparelhada e sem efetivo. Portanto, é política de segurança pública inadequada, sem estigmatização deste ou aquele segmento.
A citada cizânia entre as corporações policiais é histórica por uma série de razões, desde Dom João VI, e, embora não seja fã do Governador Alckimin isso também não pode ser debitado integralmente a ele. Antes dele vem José Serra, o qual, entre outras mazelas, conseguiu imortalizar-se na história brasileira como um governador que providenciou uma batalha campal entre as duas polícias, escrevendo um página negra da história paulista.
O resto do seu artigo é pertinente e nos remete a uma reflexão além do que escrito: é preciso ser estabelecida a pena de trabalhos forçados no Brasil e parar de transformar os presídios em depósitos de gente. Cada presídio tem que ser uma unidade produtiva para o Estado e não uma universidade do crime com vemos hoje!

Quanto à opinião do leitor (segue ao final do texto) fazendo um paralelo entre PM e paraquedistas franceses considero inadequada e fora de foco pois o lugar no mundo policial onde isso sempre ocorrerá será no interior dos distritos policiais, sem testemunhas e sem direito a recurso algum, a não ser que algum advogado compareça a tempo e aí temos um potencial diferente para cada caso...

A opinião citada:
A PM opera segundo a lógica dos paraquedistas franceses na Argélia. Usam a tortura para conseguir informações (precárias) e execuções para limpar os quistos de resistência criminosa (estimulando a violência dos seu inimigos e dos parentes das vítimas). A ideologia deste trípode guerra chegou a Brasil durante a Ditadura Militar e desde então não foi substituída. É incompatível com a CF/88 e mesmo assim segue sendo aplicada pelos coronéis da PM.
A história, entretanto, demonstra a imbecilidade desta ideologia repressiva. Os franceses perderam a Guerra da Argélia e de lá se retiraram ou foram escorraçados. Em algum momento os quistos criminosos podem virar rebeliões politizadas. Quando isto ocorrer para onde os PMs vão correr ao fugir? Para Argélia ou para a França?

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Alckmin perde para o PCC (Wálter Maierovitch)

Alckmin perde para o pcc (Wálter Maierovitch)


Não concordo com a definição dos trabalhos nos negócios da segurança pública como sendo uma “política militarizada”, talvez fosse melhor se assim ocorresse. O termo remete a uma situação em que há uma estratégia de controle do crime e da violência, e, sinceramente, não consigo enxergar tal opção/plano. Penso que há uma carência geral (educação, habitação, emprego, lazer, etc, etc, etc), que o digam os professores -mormente os que lidam com o ensino fundamental-, os artistas, os sem-teto, os operários, e por aí vai...

Todavia todas estas facetas da vida urbana podem ser maquiadas/encobertas –de alguma forma- à população em geral, mas quando há uma crise a indicar banditismo descontrolado e a percepção de anomia (ainda que em algumas partes da cidade) aí a coisa muda de figura...

Desta forma o que acontece, a meu ver, é que, diante da falência (não sei dizer se aguda ou crônica), a última cartada possível é determinar à polícia que “segure o rojão” e isto não é política militarizada.

A motivação de minha discordância reside no fato de que enquanto os olhares estiverem voltados unicamente aos resultados observados nos índices criminais e na percepção de insegurança, pouquíssimas luzes serão lançadas aos reais problemas das cidades, às causas de uma situação insuportável, que neste momento chamamos de (in)segurança pública.

domingo, 4 de novembro de 2012

Matemática da violência, de Camila Nunes Dias

Matemática da violência, de Camila Nunes Dias.


Vejo como positivo o olhar para questões de segurança pública como um tema além-polícia, tenho defendido a ideia de que a segurança pública é mesmo uma questão complexa, para além dos trabalhos policiais. Também penso que, na prática (ao contrário do que transparece no texto), não há uma guerra entre a PM e o PCC, porque a maioria do contingente da PM está na rádio-patrulha e esta não tem tempo para tal ação, e também porque o PCC gera mais trabalho para a inteligência e para a investigação da polícia judiciária.