Os fatos a seguir narrados são verídicos, contados a
mim por quem os vivenciou.
Dia de prova na “facú”, como de praxe todos guardam
os materiais sob as carteiras e a professora reza as regras do evento (sem
consulta às provas dos colegas, sem conversa, respostas a tinta, tempo de prova,
etc), até aí tudo normal, dentro das expectativas.
Após o início da prova chega uma aluna, portanto
atrasada para o compromisso. A professora, benevolente, autoriza a entrada da
aluna.
Em dado momento, próximo ao final, a professora,
vendo que a aluna tinha feito a prova inteira “a lápis”, avisa que o tempo está
acabando e que é bom a aluna se apressar. A resposta da aluna é de que está
acabando e que está tudo bem. Ao saber que as respostas devem ser escritas à
tinta a aluna revoltou-se. Ao ser notificada que as instruções foram
comunicadas antes do início da prova disse:
- Eu cheguei após o seu comunicado, portanto, esta regra não se aplica a mim!
O que me instiga,
neste episódio, não é pontuar se a aluna acredita mesmo no que disse ou se usou
o raciocínio apenas na ocasião em que lhe foi útil. O destaque da situação é a
forma rápida, irresponsável, destituída de valores e desavergonhada com que se
pretende esquivar às obrigações, aos compromissos.
A aluna, e suas razões, não representa uma parcela
diminuta da sociedade, a meu ver. Parece-me que o Brasil se amoldou,
rapidamente, a este tipo de argumentação, em que a malandragem é válida, e
aceitável, se propiciar vantagem.
Ao que o comportamento rotineiro nos indica, o que vale mesmo, o valor absoluto, é “se dar
bem”, não interessa qual regra tiver que ser quebrada/atropelada, desde que o
resultado seja, ainda que momentaneamente, vantajoso.