sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Onde está a Polícia quando a gente precisa dela???

Durante o carnaval deste ano circularam, pela TV e mídias sociais, ações de "arrastão" em alguns pontos da cidade do Rio de Janeiro, em vários comentários o destaque era a ausência de policiais militares para impedir que os bandidos agissem com tamanha ousadia.

Em tempos de intervenção na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, lemos a declaração do Interventor de que não emprestará policiais para outros órgãos (leia a matéria aqui).
 
É uma situação bem conhecida pelos comandantes das Polícias a solicitação (com peso de ordem) para o empréstimo de policiais para outras funções, conforme explicado no texto mencionado acima.

As consequências, também citadas na matéria, são as óbvias, ou seja, falta de policiais nos Distritos e no Patrulhamento.

É interessante notar, e destacar, que não há "apenas" (como se fosse pouco) desvio de pessoas de suas atividades, também há falta de meios (o texto cita veículos e armas para o trabalho policial, mas poderia citar outras situações, inclusive salários).

Esse contexto é uma demonstração prática de uma postagem anterior, neste Blog - "A aranha sem pernas NÃO é surda! (clique aqui para ler).

Devolvendo os 3.131 homens e mulheres que deveriam estar no serviço direto à população fluminense, a pergunta, que serve de título a esta postagem, será feita menos vezes.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Cavando a própria cova

Em tempos de intervenção federal na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, vale lembrar que a atual situação (apontada como caótica) não surgiu como obra do acaso, foi construída gradualmente, passo-a-passo, seja por ações equivocadas do Estado, pela omissão e, também, pelo apoio da população.
 
Fonte: internet
 
Na década de 1990, na mesma cidade do Rio de Janeiro/RJ, um grupo de pessoas decidiu que a Praia de Ipanema era "território livre" para quem quisesse fumar maconha, quando o Estado iniciou ações mais pontuais e incisivas para colocar "ordem na casa", a "turma" adotou a estratégia de munir-se de apitos para avisar os usuários da aproximação de policiais (leia a matéria aqui).
 
Sem atentar às possíveis consequências deste acolhimento às práticas ilegais (não entro no mérito da questão, apenas constato que é ilegal fumar maconha no Brasil) e num franco desafio aos policiais (representantes do Estado), os banhistas de Ipanema abriram espaço para outras situações perniciosas, como disse, sem perceber que estavam cavando a própria cova.
 
Hoje (pouco mais de 20 anos após) as notícias não dão conta de grupos organizados com apitos, os traficantes, que abasteciam a moçada da praia, se tornaram empresários do crime e estabeleceram, à base da força, muitos outros "territórios livres" no Rio de Janeiro, nas praias a maconha foi substituída por arrastões.
 
Fiquemos atentos aos apitos que abrem as portas para o crime e a desordem.

terça-feira, 5 de abril de 2016

A Eficiência Policial e sua Relação com a Tecnologia: Direitos Humanos e o Uso de Equipamentos Não-letais

Trago aos leitores deste blog um artigo científico de três policiais militares do Espírito Santo, sob o título "A Eficiência Policial e sua Relação com a Tecnologia: Direitos Humanos e o Uso de Equipamentos Não-letais" (clique aqui para acesso ao texto).

Segue o resumo:

Este artigo analisa a eficiência policial e sua relação com a tecnologia, com ênfase na adequação à doutrina de Direitos Humanos e o uso de equipamentos não-letais. O texto apresenta um breve histórico das polícias militares brasileiras, mostrando a legislação que ampara as ações policiais, apresentando também a doutrina de Controle de Distúrbios Civis. Demonstrou-se a necessidade dos governos na adequação à doutrina internacional de Direitos Humanos, com uma necessidade de implantar um programa de uso das técnicas não-letais, além de uma tabela internacional do uso progressivo da força, por parte dos agentes aplicadores da lei. Conclui que, para se atingir a eficácia policial, é necessária uma reformulação da capacidade operativa da Polícia Militar, mudando o processo de seleção, de formação e capacitação, disponibilizando ao policial militar materiais de proteção individual e equipamentos não-letais que evitem o uso precoce da arma de fogo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Sem manutenção da Ordem Pública o Brasil para!

Ao ler sobre a situação de insegurança, vivenciada pelos carteiros no Rio de Janeiro (matéria aqui), lembrei desta imagem:

Fonte: internet.

Ao adotar ao modal rodoviário como principal via para o transporte de carga, o Brasil, em termos de abastecimento, torna o caminhão essencial à vida de todos, ou seja, sem caminhão o Brasil para. O que se faz notório na maioria dos carregamentos nacionais, de água potável às hélices gigantes de geradores eólicos, praticamente tudo que chega aos lares brasileiros, em algum momento foi carga de caminhão.

Entretanto há um fator ainda mais importante que o transporte de cargas, a Ordem Pública, por servir de base para tudo. A simples ameaça de abalo na Ordem Pública impacta o transporte de carga pelas rodovias (desde a fiscalização das condições de segurança de veículos, aos custos com apólices de seguro para cargas).

Situações de desordem também produzem transtornos em questões quotidianas, aparentemente simples, como a entrega de correspondências, no varejo. A população brasileira, que faz uso deste trabalho importantíssimo, vê-se privada do serviço de entrega de correspondências em razão da falta de segurança.


Sem manutenção da Ordem Pública, nem a sua carta chega ao destino.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Manifestantes que atestam a legalidade da ação policial

Quando voltam à pauta manifestações onde há confronto com policiais, a ênfase recai sobre a truculência policial e a repressão contra pessoas pacíficas que pretendem, apenas, demonstrar sua insatisfação no espaço urbano público.




É questionável, a meu ver, o título "Manifestação Pacífica", a alguns destes eventos, em razão de que há preparação inequívoca e organizada para o confronto, seja no uso de palavras de ordem que conduzem à violência, seja pelo uso de apetrechos destinados à violência.

Todavia esta postagem tem outro foco, qual seja, os próprios manifestantes atestam, por suas ações (agressões verbais, físicas e violência), a legitimidade da ação policial, pois mesmo a repressão indica legalidade - uso gradual da força e meios não letais.

O vídeo a seguir demonstra que quando não há legalidade estabelecida, não há manifestação:

Nas cenas, terríveis, em Paris, o que se vê é o fim da manifestação pacífica, por conta do anúncio de bomba na praça.

Quando há mortes entre os traficantes, em locais dominados pelo crime, não há nenhuma manifestação pública contra a violência, pelo óbvio motivo de que os criminosos responderiam com letalidade.

Sendo assim, ao confrontar policiais, os manifestantes, violentos e agressivos, atestam a legitimidade da ação policial.

Exército de contrachoque

Um grupo de moradores de um terreno ocupado pretende barrar a ação da Justiça (leia notícia aqui), organizados e paramentados como "tropa de choque", ou melhor "exército de contrachoque" (sic), buscam anular a reintegração de posse, em modo similar ao ocorrido há alguns anos no interior de São Paulo (fotos da desocupação da favela Pinheirinho aqui).

A matéria me faz pensar, em primeiro lugar nas pessoas que sofrem por não ter moradia e, também, na manutenção da ordem pública.

Não importa, neste momento, as causas da falta de habitação, a maioria das pessoas moram em terrenos ocupados por não ter opção. É verdade que há ocupantes profissionais, que entram em terrenos ilegalmente e, após um tempo, negociam a posse, mas a maioria das pessoas, inclusive os que compraram (invasores de "segunda mão"), realmente não teriam outro local para habitar. Uma questão difícil, que precisa de solução imediata.

Outro ponto importante, a pensar o fato equilibradamente, materializa-se no processo de reintegração de posse, visto que ninguém pode ser retirado à força, de um local ocupado ilegalmente, sem o devido processo.

Uma decisão judicial de reintegração não é célere, como dito, há um processo, onde alguém solicita a liberação de um terreno (com documentação comprobatória de propriedade, etc, etc, etc) e alguém reivindica o direito à permanência, ambas as partes apresentam, formalmente, argumentação ao magistrado que fará juízo do caso e pronunciará DECISÃO JUDICIAL, depois entra-se na fase de recursos, o processo vai a outras entrâncias, até que a decisão final é emitida pelo PODER JUDICIÁRIO.

Após todo processo a Polícia Militar é convocada, pelo PODER JUDICIÁRIO, a executar a determinação judicial para desocupar o terreno.

É assim, em rápidas palavras, que acontece.

Quando se vê uma imagem como esta:

é importante esclarecer, não há aqui nenhuma ação contra a Polícia Militar, por mais direta que pareça a relação de defesa contra o uso da força policial, mas sim contra o PODER JUDICIÁRIO, em outras palavras, estas pessoas, ainda que vitimizadas em sua condição de SEM TETO, estão ameaçando e desconsiderando o JUIZ e não o policial militar da tropa de choque.

Caso o "exército contrachoque" fosse capaz de impedir a ação da JUSTIÇA, por meio da força policial, teríamos uma situação, num pedaço do Brasil, em que o Estado teria sua legitimidade não reconhecida, ou seja, bastaria arregimentar força física para fazer valer qualquer coisa. É isto que queremos para o país?

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Choque de honestidade!

Prezados leitores, leio uma notícia sobre a obrigatoriedade, aos alunos da Universidade Harvard, de prometer, solenemente, não "colar", não "plagiar", atuar segundo normas de "ética" acadêmica  (texto aqui).

Sem dúvida, o texto não é relato à Segurança Pública, muito menos sensação de segurança (temas a que este Blog se alinha), entretanto atentem à questão de que um "choque de honestidade" possibilita combater a violência e criminalidade endêmicas.

Não acredito num choque de honestidade e ética como determinante para a segurança pública, todavia penso que as boas práticas, universalizadas socialmente, evitariam delitos, a lembrar Lacassagne (1885), quando diz que:

“o meio social é o caldo de cultura da criminalidade, sendo o delinquente um mero micróbio que não tem qualquer importância enquanto não encontra a cultura que provoca a sua multiplicação” (texto copiado da internet).

A afirmação soa determinista, ao contrário do que acredito, visto que há outros aspectos importantes, que devem ser levados em consideração, porém o controle social informal (vide Controle social informal, ou ainda, incentivo à ressurreição da "vergonha na cara") é relevante.

Lembro que a mola mestra da Teoria Janelas Quebradas (James Q. Wilson, George L. Kelling) sugere que os pequenos delitos são vias pavimentadas para os grandes crimes, quem sabe a prevenção à cola e o incentivo à ética não sejam remédios que previnem situações mais graves...