domingo, 30 de dezembro de 2012

Homem compra TV, pela internet, e recebe rifle semi-automático.

Cliente compra tv, pela internet, e recebe arma de fogo em casa.


O texto da notícia dá a entender que foi um engano, ou seja, a pessoa pediu uma mercadoria e recebeu outra... a não ser pela característica da mercadoria recebida, um rifle... Num país (EUA) onde ocorreram muitos casos de ataques de franco-atiradores, em escolas públicas, com muitas vítimas, um “equívoco” destes é muito sério.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Teoria da criminologia ambiental (TCA)


A teoria da criminologia ambiental trata, entre outros objetos, dos padrões do fenômeno da criminalidade, tendo em conta o espaço urbano e o impacto das suas variáveis estruturais constituintes sobre as percepções e ações de potenciais vítimas e criminosos. Abordagens da TCA incluem as percepções e respectivas respostas em relação a estereótipos da insegurança, caso do “beco sem saída”, da “rua escura”, do momento do fim do dia em que “tudo fica deserto”, etc (DANTAS, PERSIJN e SILVA FILHO[i], 2006, pag. 5).

Segundo a citação acima se entende que determinados tipos de configurações espaciais urbanas tendem a sugerir aos usuários, como recorrência a experiências anteriores (vivenciadas ou notificadas), que há, potencialmente, perigo neste “tipo” de locais.

O uso da estatística de eventos delituosos (evolução nos índices criminais, especialmente o homicídio doloso) não é suficiente, aliás longe disto, para representar as condições de insegurança a que a população está exposta.

Entendo que a TCA deveria ser levada em consideração na composição, pelos órgãos de pesquisa em criminologia, das condições de insegurança vivenciada nas cidades, ou seja, como uma forma de descortinar como os criminosos, por via das características ambientais encontram oportunidades para delinquir e entender como a cidade, enquanto ambiente - amigável ou hostil -, se apresenta aos cidadãos usuários do espaço urbano público.

É fator relevante considerar que o medo, em si, já é um algoz, visto que ainda que nenhum delito tenha atingido um determinado indivíduo, a ansiedade e incerteza por eventuais violências que possam ocorrer já o coloca numa condição de vítima, a sofrer as consequências do fenômeno conhecido como “medo do crime”.

Outro dado importante, em relação à arquitetura e à TCA, é sua característica de indicar os níveis de expectativa de violência, conforme afirma Burke:
A violência e a expectativa dela deixaram muitos traços na paisagem urbana atual. Em Chicago, as fortalezas dos líderes dos muçulmanos negros chamam a atenção. Os morros cariocas também podem ser considerados como fortalezas, ou como no-go áreas, como dizem em Belfast, onde a polícia normalmente não ousa entrar. Os modernos condomínios de São Paulo, Nova York, Los Angeles e outras cidades, com sua segregação espacial, seus altos muros ou cercas e guardas de segurança na entrada – para não mencionar os cães e sistemas de alarme – são outro sinal da expectativa de violência (BURKE[ii], 2002, 42).



[i] DANTAS, G.F.L.; PERSIJN, A.; SILVA JUNIOR, A.P. O medo do crime. 2006. Disponível em <<http://www.observatorioseguranca.org/pdf/01%20(60).pdf>>, acesso em 21 out. 2010.

[ii] BURKE, P. Violência urbana e civilização. In: Insegurança Pública – Reflexões sobre a criminalidade e a violência urbana. Org: Nilson Vieira Oliveira. São Paulo: Nova Alexandria, 2002. Páginas 32-50.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O que Nova York pode ensinar a SP no combate à violência?

Temática "Insegurança Pública" em Nova Iorque e São Paulo

Muito interessante a abordagem à criminologia situacional (o ambiente construído, especialmente o espaço público urbano, como aspecto causador de oportunidades a criminosos).

Também destaco que este assunto "gira, gira, gira" e acaba tocando o policiamento e, com ênfase, a Polícia.

Não tenho dúvidas de que a Polícia deve ser discutida, comentada, analisada e (re)pensada, mas continuo insistindo que a Polícia não é formadora do contexto, ela é parte dele e, a levar este ponto em consideração, lembro que o nome mais citado, durante a "limpeza" feita em Nova Iorque, era o do Prefeito Rudolph Giuliani, ou seja, o líder da "causa", e isso faz muita falta em São Paulo.

A propor uma resposta para o título-pergunta eu diria: um auxílio muito bem vindo de Nova Iorque seria ensinar os eleitores paulistanos a colocar, como chefe do executivo municipal, alguém que seja líder e que leve a sério as condições de vida dos cidadãos que moram em São Paulo.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Definitivamente o rei Momo não é um grande incentivador da ordem pública...

Ao passar, numa das avenidas de Natal/RN, observei diversos espaços comerciais, residenciais e de serviços em processo de “proteção”.

A informação sobre a situação é que a proteção é constituída por tapumes de madeira, literalmente fechando a passagem, a separar as calçadas das edificações, e se presta a evitar que os foliões do CARNATAL, que terá início, neste ano, em 6 de dezembro, pulem/invadam casas e estabelecimentos comerciais para “brincar” o carnaval fora de época de uma forma bem estranha, isto é, a brincadeira é urinar, defecar, manter relações sexuais, e o que mais puder/conseguir.

Evidentemente que defender seu território de qualquer uma das atividades referidas seria uma atividade de grande risco, visto que os sujeitos/sujeitas das brincadeiras estarão alcoolizadas/alcoolizados e, obviamente, com gente neste estado não é lá muito salutar discutir...

A estratégia encontrada é se trancar e se “embarricar”, como os norte-americanos quando esperavam pela fúria do Furacão Sandy.

Alegria de uns, desgraça de outros...

Não é questão de condenar a manifestação cultural da nossa gente, mas, na moral, não daria pra se comportar melhor?











Quem vê a campanha de promoção do evento Carnatal nem imagina os transtornos que TODOS NUM SÓ CORAÇÃO causam aos moradores/trabalhadores, que têm o desprazer de habitarem/trabalharem num dos logradouros públicos que ficam na rota dos trios elétricos.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O reducionismo se opõe às possibilidades de soluções para o quotidiano contemporâneo


Como se explica que não sejamos capazes de resolver os problemas urbanos que caracterizam as nossas cidades, neste início de século - degradação do centros, pobreza, falta de alojamento em bairros sociais por oposição ao número crescente de habitações vazias, conflitos étnicos e raciais em bairros de emigrantes, crescente insegurança? Como pensar a participação dos cidadãos na sua cidade e que direitos exercem efectivamente? O que define as várias identidades que compõem a cidade e que papel lhes cabe exercer; os trabalhadores, as mulheres, os emigrantes, as minorias étnicas?

Por detrás destas questões, esconde-se, actualmente, uma certa renúncia em compreender estes fenómenos sob o ponto de vista de uma totalidade social e de procurar medidas governativas capazes; procura-se antes analisar as questões sob perspectivas técnicas especializadas e fragmentárias e visões políticas reducionistas, reveladoras da incapacidade de resolver os verdadeiros problemas.

PROENÇA, Maria Cristina Oliveira. A Cidade e o Habitar no Pensamento de Henri Lefebvre. Dissertação de Mestrado, Universidade de Coimbra, 2011, pág. 9.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

"O que significa estar seguro?" de Cecilia Varela

O que significa estar seguro?

Desde a implementação de pesquisas de vitimização (EV), os pesquisadores de vitimologia percebem o paradoxo que leva a um menor risco de setores da vitimização criminal (principalmente mulheres e idosos) a níveis maiores de medo do crime, e em vez disso os mais expostos à criminalidade (jovens) expressam os níveis mais baixos de medo. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é explorar, usando representações, a estratégia qualitativa em relação à questão da segurança na área de idosos.

sábado, 17 de novembro de 2012

Isolamento ao modo "Pablo Escobar"

Encarceramento à la Pablo Escobar

O texto me remeteu à situação de Pablo Escobar, narcotraficante colombiano, que concordou em ficar na cadeia desde que ele mesmo a fizesse, e foi o que aconteceu.
Muito interessante o texto, revelador. Mais um sinal de alerta piscando. Ou ainda, no dizer de Emanuel Aquino Lopes, uma espécie de frase (no caso um texto) de para-choque de caminhão...
E, por falar no Cel Emanuel Aquino Lopes, transcrevo seus cometários sobre o artigo:


Algumas observações que considero pertinentes: os principais nós de amarração da facção não estão somente na capital do Estado de São Paulo, mas ultrapassou fronteiras estaduais e possui sucursais importantes onde a população carcerária é expressiva. Outro aspecto importante: em 2006 essa facção não exibiu musculatura alguma sendo debelada com rapidez, o que ocorre hoje de longe não se compara àquela época...podemos dizer que ali foi um ensaio...para ambos os lados. Quanto à “canhestra e míope politica militarizada de segurança pública”, por favor não debite esta conta apenas aos fardados, pois temos uma Polícia Civil que resolve apenas 5% dos casos que lhe são comunicados e uma Polícia Técnica, também civil, totalmente desaparelhada e sem efetivo. Portanto, é política de segurança pública inadequada, sem estigmatização deste ou aquele segmento.
A citada cizânia entre as corporações policiais é histórica por uma série de razões, desde Dom João VI, e, embora não seja fã do Governador Alckimin isso também não pode ser debitado integralmente a ele. Antes dele vem José Serra, o qual, entre outras mazelas, conseguiu imortalizar-se na história brasileira como um governador que providenciou uma batalha campal entre as duas polícias, escrevendo um página negra da história paulista.
O resto do seu artigo é pertinente e nos remete a uma reflexão além do que escrito: é preciso ser estabelecida a pena de trabalhos forçados no Brasil e parar de transformar os presídios em depósitos de gente. Cada presídio tem que ser uma unidade produtiva para o Estado e não uma universidade do crime com vemos hoje!

Quanto à opinião do leitor (segue ao final do texto) fazendo um paralelo entre PM e paraquedistas franceses considero inadequada e fora de foco pois o lugar no mundo policial onde isso sempre ocorrerá será no interior dos distritos policiais, sem testemunhas e sem direito a recurso algum, a não ser que algum advogado compareça a tempo e aí temos um potencial diferente para cada caso...

A opinião citada:
A PM opera segundo a lógica dos paraquedistas franceses na Argélia. Usam a tortura para conseguir informações (precárias) e execuções para limpar os quistos de resistência criminosa (estimulando a violência dos seu inimigos e dos parentes das vítimas). A ideologia deste trípode guerra chegou a Brasil durante a Ditadura Militar e desde então não foi substituída. É incompatível com a CF/88 e mesmo assim segue sendo aplicada pelos coronéis da PM.
A história, entretanto, demonstra a imbecilidade desta ideologia repressiva. Os franceses perderam a Guerra da Argélia e de lá se retiraram ou foram escorraçados. Em algum momento os quistos criminosos podem virar rebeliões politizadas. Quando isto ocorrer para onde os PMs vão correr ao fugir? Para Argélia ou para a França?

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Alckmin perde para o PCC (Wálter Maierovitch)

Alckmin perde para o pcc (Wálter Maierovitch)


Não concordo com a definição dos trabalhos nos negócios da segurança pública como sendo uma “política militarizada”, talvez fosse melhor se assim ocorresse. O termo remete a uma situação em que há uma estratégia de controle do crime e da violência, e, sinceramente, não consigo enxergar tal opção/plano. Penso que há uma carência geral (educação, habitação, emprego, lazer, etc, etc, etc), que o digam os professores -mormente os que lidam com o ensino fundamental-, os artistas, os sem-teto, os operários, e por aí vai...

Todavia todas estas facetas da vida urbana podem ser maquiadas/encobertas –de alguma forma- à população em geral, mas quando há uma crise a indicar banditismo descontrolado e a percepção de anomia (ainda que em algumas partes da cidade) aí a coisa muda de figura...

Desta forma o que acontece, a meu ver, é que, diante da falência (não sei dizer se aguda ou crônica), a última cartada possível é determinar à polícia que “segure o rojão” e isto não é política militarizada.

A motivação de minha discordância reside no fato de que enquanto os olhares estiverem voltados unicamente aos resultados observados nos índices criminais e na percepção de insegurança, pouquíssimas luzes serão lançadas aos reais problemas das cidades, às causas de uma situação insuportável, que neste momento chamamos de (in)segurança pública.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

domingo, 4 de novembro de 2012

Matemática da violência, de Camila Nunes Dias

Matemática da violência, de Camila Nunes Dias.


Vejo como positivo o olhar para questões de segurança pública como um tema além-polícia, tenho defendido a ideia de que a segurança pública é mesmo uma questão complexa, para além dos trabalhos policiais. Também penso que, na prática (ao contrário do que transparece no texto), não há uma guerra entre a PM e o PCC, porque a maioria do contingente da PM está na rádio-patrulha e esta não tem tempo para tal ação, e também porque o PCC gera mais trabalho para a inteligência e para a investigação da polícia judiciária.


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

BEM ESTAR versus PATOLOGIA SOCIAL


Uma parte dos estudos de arquitetura e urbanismo (sintaxe espacial, por exemplo) utiliza uma conceituação interessante aos estudos de prevenção à violência e à criminalidade. Em termos gerais pode-se dizer que o “normal” é que os encontros entre pessoas (co-presença) gerem situações de bem estar, pelo menos sejam proveitosos (úteis). Quando num determinado espaço social habitado (normalmente uma cidade, ou mesmo uma parte da urbe), ocorre que o encontro com outro ser humano represente uma situação contrária à de bem estar tem-se uma condição denominada PATOLOGIA SOCIAL. A arquitetura/urbanismo parte do princípio de que o BEM ESTAR é o que se espera e que a PATOLOGIA SOCIAL é uma anomalia.

Ao tratar do combate à violência e ao crime os pesquisadores do assunto SEGURANÇA PÚBLICA também entendem, o que é expresso pelo termo “combate”, que a condição em um determinado local, em que as pessoas se sentem inseguras e com medo, sob forte impacto de práticas delituosas encontra-se numa condição de PATOLOGIA SOCIAL, ainda que tal terminologia não seja comum, ao menos nos textos que tenho lido.

Por via do desenho arquitetônico, e planejamento urbanístico, pretende-se incentivar a co-presença e a diversidade de usos e de pessoas, entendendo que quanto maior a interação, melhores condições se apresentarão ao bem estar.

O pensamento inquietante que resulta da interação entre a arquitetura/urbanismo e a segurança pública é o seguinte: O que dizer de locais cujos projetos buscam propiciar integração e forte incentivo à co-presença e, apesar disto, a realidade constatada contraria tais intenções? Como podem estar desertos os locais em que as previsões são de interação social e diversidade de usos?

Há muito a entender... e muitas soluções ainda a serem encontradas e propostas.

sábado, 15 de setembro de 2012

A máquina de fabricar doentes.


Clotilde Tavares 
Presidente do Rotary Clube Natal
Atua, profissionalmente, com comunicação e arte.

Os serviços de atenção à saúde, tanto públicos como privados, também se organizam de acordo com a concepção mecanicista do organismo. Assim é que existe a organização hierarquizada dos serviços de saúde pública, com graus crescentes de especialização, onde o doente penetra no sistema e vai caminhando ao longo dele como numa imensa linha de montagem até chegar aos grandes centros de tecnologia médica cujo apanágio é o Instituto do Coração de São Paulo.


Concebido como uma máquina, o sistema deve ter a capacidade de absorver a maior quantidade possível de indivíduos doentes e devolvê-los como saudáveis. Para isso, grandes quantias são gastas no aperfeiçoamento da máquina, para que ela tenha condições de processar uma quantidade cada vez maior de doentes. Essas quantias são desviadas da medicina preventiva e de outros programas que impediriam ou diminuiriam a ocorrência de doenças. E esse é um problema difícil de sanar pois, como já se investiu bastante na máquina, não se pode agora desativá-la, o que fatalmente ocorreria se a medicina preventiva diminuísse o número de doentes. É semelhante a aumentar o contingente e equipar cada vez mais a polícia para acabar com a violência. O máximo que se pode conseguir é transformar a sociedade numa praça de guerra, com dois exércitos - policiais e bandidos - a se entrematarem furiosamente.

Parece que já nos encontramos perto dessa situação no que se refere à saúde pública. De um lado uma estrutura gigantesca de atenção à saúde com todos os vícios e problemas acarretados pelo seu exagerado tamanho. Do outro, um número cada vez maior de pessoas doentes, que buscam - e raramente conseguem - tratamento médico adequado.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

País tem 4,9 seguranças privados para cada policial

País tem 4,9 seguranças privados para cada policial


Temos aí, nesta notícia, mais um dado a confirmar a ideia de que segurança pública é um tema de suma importância e, apesar disso, está relegada, pelo Estado e Sociedade, a um plano inferior. A estratégia estatal para garantir tranquilidade ao cidadão parece estar muito aquém do necessário, caso contrário não haveria o crescimento, no oferecimento de segurança privada, que a matéria registra. Por sua vez a estratégia da sociedade é, em manifestada desconfiança com o aparato estatal, contratar empresas de segurança.

Talvez a realidade seja mais alarmante que os números da OEA, visto que há um contingente informal de prestadores de segurança privada, inclusive muitas micro empresas de um único indivíduo, normalmente um policial. Também é preocupante considerar que o peso da balança pode estar pendendo com maior intensidade para a segurança privada que o apontado, pois não estão contabilizadas as empresas de vídeo-monitorização e alarme.

Destaca-se da notícia duas questões perturbadoras, o fracasso do Estado em reproduzir, em termos de sensação de segurança, o crescimento econômico brasileiro (afinal houve grande alarde por conta de que o Brasil é a 6ª economia do mundo), isto é, parece que o Brasil cresce sim, mas apenas para uma determinada parcela da população e não para todos os brasileiros.

O outro aspecto pernicioso à maioria dos brasileiros é a elitização da sensação de segurança, visto que o contingente de “seguranças”, praticamente cinco vezes maior que o de policiais, conduz à inferência de que os serviços de segurança pública estão mais privados que públicos, ou seja, tem vantagem quem pode pagar por tal “conforto”, e, no caso da segurança pública, tal vantagem pode ser um caso de vida ou morte.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O contexto como causador de sensação de segurança

PALESTRA SOBRE SEGURANÇA PÚBLICA E O CONTEXTO

Esta é a apresentação feita no Rotary Club Natal, em 13/09/12, sobre o contexto (em termos gerais) como formador da percepção de (in)segurança pelo cidadão.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Política européia anti-drogas em processo de endurecimento.

Durante algum tempo ouço, por via de leitura e mesmo em bate-papo, que a Europa tem uma política mais liberal em relação às drogas, mas MONET (pesquisador francês) não concorda com isso:

A intensificação da cooperação internacional contra o tráfico de drogas chocou-se por muito tempo com a diversidade das políticas seguidas, internamente, pelos países europeus. Um abismo, com efeito, separou por muito tempo os Estados que, na esteira dos Estados Unidos, tinham uma política muito repressiva e os que, ao contrário, procuravam limitar a extensão do flagelo por políticas permissivas.

A Holanda, em especial, por muito tempo teve a imagem de paraíso dos consumidores de drogas leves. Essa política liberal engendrou múltiplos problemas sanitários e sociais, o que provocou, pouco a pouco, uma reviravolta na opinião pública holandesa, que as autoridades tiveram que levar em conta.

Na Espanha, a liberalização brutal dos costumes que acompanhou o fim do franquismo levou as autoridades governamentais a adotar uma política muito permissiva em matéria de drogas. Mas também nesse caso, uma reviravolta se manifesta há alguns anos.

Certamente, em termos de princípios, todo mundo concorda em pensar que apenas uma política de educação e reabilitação dos drogados dará resultados a longo prazo. Mas, a curto prazo, os danos são demasiado importantes para não exigirem medidas imediatas. Isso leva os políticos europeus a se alinharem pouco a pouco com a posição americana (MONET, 2006, página 206).

REFERÊNCIA: MONET, Jean-Claude. Polícias e Sociedades na Europa. Tradução de Mary Amazonas Leite de Barros. – 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. – (Série Polícia e Sociedade; n.3).

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Espaços públicos são indicadores ótimos para o planejamento em segurança pública.


Roubo de rua está listado entre os tipos de crimes violentos pela British Crime Survey (agência britânica de estudos do crime) e esta classe de crime provoca mais apreensão, entre as pessoas, que os crimes contra propriedade, como furto simples ou furto de veículo. A autora Jane Jacobs (Jacobs, J., 1961, The Death and Life of Great American Cities, Penguin, Londres.) afirma que os espaços públicos são os órgãos vitais da cidade, e é essencial torná-los mais seguros para tornar a cidade mais segura. "Quando as pessoas dizem que uma cidade, ou um bairro, é perigoso ou é uma selva, o significado primário é que eles não se sentem seguros nas calçadas" (p39).
Extraído do artigo “THE STORY OF THE CRIME: functional, temporal and spatial tendencies in street robbery”, de autoria de Ozlem Sahbaz e Bill Hillier.

Texto originalStreet robbery is listed among violent crime types in British Crime Survey (BCS) and this class of crime is causing more worry among people than the property crime types such as Burglary or Car crime. As Jane Jacobs (Jacobs, J., 1961, The Death and Life of Great American Cities, Penguin, London.) puts it, the public spaces are the vital organs of the city and it is essential to make them safer to make a city safer. “When people say that a city, or a part of it, is dangerous or is a jungle, what they mean primarily is that they do not feel safe on the sidewalks” (p39).

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O projeto para o novo Código Penal

Miguel Reale fala sobre projeto para novo Código Penal

A entrevista é longa mas vale a pena ler tudo para entender um pouco melhor sobre o assunto.

O valor da imagem da Polícia Militar


Acabo de assistir o depoimento, ou melhor, o testemunho de uma juíza (Maria Lúcia Karam) que defende a legalização da produção, do comércio e do consumo de todos os tipos de droga (vídeo no site http://www.leapbrasil.com.br/). É a primeira vez que me deparo com este tipo de posicionamento, não me lembro de ter ouvido, anteriormente, ninguém defendendo a liberação da produção de narcóticos, e isto me levou a pensar nas práticas profissionais policiais-militares. A reflexão teve como ponto de partida a afirmação da juíza, dando conta de que “20% dos homicídios são praticados por policiais, nas favelas do Rio, atacando os ‘supostos’ traficantes, ou aqueles que se ‘assemelham’ a eles”.

Ao ouvir essa parte do depoimento imediatamente senti o golpe, na minha pele de policial militar. Isso provoca a reação instantânea de revolta e inconformismo, mas não alimentei esse sentimento, por mais natural que seja a alguém que “veste” essa profissão há 29 anos (sabedor que não vou “desvestí-la” nunca, nem que tentasse).

Reprimi o ímpeto inicial de “contra-atacar” e nesse momento me lembrei das consequências de uma situação muito parecida que ocorreu há 50 anos, isto é, ao uso que se fez das Polícias Militares na repressão aos subversivos, aos comunas, aos “inimigos da pátria”. Sobretudo me dei conta de como esse uso do aparato policial, com fins políticos, afetou a imagem da Polícia Militar, durante várias gerações.

A revolução de 1964 durou 21 anos e terminou há praticamente 27 anos, porém está viva, vivíssima, na memória de muita gente. A questão da lembrança perdurar não é um problema em si, o problema é que junto à lembrança seguem, a reboque, as ações de policiais militares (experimente ir ao Google images e coloque na busca a palavra “repressão”). Há pouco tempo houve a marcha da maconha e, o que causou a maior polêmica, não foram as discussões teóricas sobre o direito à expressão e à manifestação e sim a repressão policial.

Ao comparar contextos “ditadura” e “guerra às drogas” considero que estamos diante de duas situações com vários pontos em comum, ou seja, quando se fala em liberação da produção, comércio e uso de narcóticos a associação imediata que se faz à repressão a tais anseios é a da Polícia Militar, visto que quem prende os traficantes são policiais militares, que quem fiscaliza veículos e aborda pessoas suspeitas são policiais militares, quem entra em tiroteios com o narcotráfico organizado são policiais militares, enfim ao que parece, absurdamente falando, a liberação só não aconteceu ainda porque a Polícia Militar não deixou... É o mesmo que dizer, absurdamente falando, que a principal causa da ditadura ter fôlego para controlar o Brasil por 21 anos foi a atuação policial-militar...

A imagem da repressão política, no tempo da ditadura e que retorna, atualmente, em eventos de reintegração de posse (por exemplo), está muito próxima, segundo entendo, do que ocorre quando o assunto é “guerra contra as drogas”. Me parece que estes programas e projetos contribuem para a destruição da imagem policial-militar, no sentido de tornar, equivocadamente, violência e truculência sinônimos do serviço policial-militar.

O MAIOR PATRIMÔNIO DE UMA EMPRESA É A SUA MARCA.

Será que a marca "Polícia Militar" destina-se a estar colada a programas, ou projetos, de governo, que se prestam, parece que unicamente, a denegrí-la?

domingo, 19 de agosto de 2012

Uma dica de D. João VI sobre segurança pública

Nos dois parágrafos abaixo (das páginas 228 e 229 do livro "1808", de Laurentino Gomes) há uma demonstração histórica de que contexto e segurança pública estão intimamente ligados, sendo esta a consequência daquele. Reparem que no primeiro parágrafo é exposta a situação caótica em que se encontrava a cidade do Rio de Janeiro (por conta do crescimento desordenado e de muitas questões sociais não resolvidas). O segundo parágrafo traz a notícia de que alguém foi escolhido para solucionar o problema (combater a violência e o crime). A solução, conforme narra o autor, está além de simplesmente patrulhar a cidade, ou seja, mais uma vez fica clara a tese de que insegurança não se resolve unicamente com a presença policial nas ruas, é necessário muito mais que isso, precisamos de agentes civilizadores, como segue:

A criminalidade atingiu índices altíssimos [à época em a Corte Portuguesa esteve instalada no Rio de Janeiro]. Roubos e assassinatos aconteciam a todo momento. No porto, navios eram alvos de pirataria. Gangues de arruaceiros percorriam as ruas atacando as pessoas a golpes de faca e estilete. Oficialmente proibidos, a prostituição e o jogo eram praticados à luz do dia. “Nesta cidade e seus subúrbios, temos sido muito insultados pelos ladrões”, relata o arquivista real Luiz Joaquim dos Santos Marrocos numa das cartas ao pai, que ficara em Lisboa. “Em cinco dias, contaram-se em pequeno circuito 22 assassinatos, e numa noite defronte à minha porta fez um ladrão duas mortes e feriu um terceiro gravemente.”2 Marrocos reclamava que havia negros e pobres em demasia nas ruas do Rio de Janeiro e que a maioria se vestia de forma indecorosa.


A tarefa de colocar alguma ordem no caos foi confiada por D. João ao advogado Paulo Fernandes Viana. Desembargador e ouvidor da corte, nascido no Rio de Janeiro e formado pela Universidade de Coimbra, Viana foi nomeado intendente geral da polícia pelo alvará de 10 de maio de 1808, cargo que ocupou até 1821, o ano de sua morte. Tinha funções equivalentes ao que seria hoje a soma de um prefeito com um secretário de Segurança Pública. Mais do que isso, era “um agente civilizador” dos costumes no Rio de Janeiro. Cabia a ele transformar a vila colonial, provinciana, inculta, suja e perigosa em algo mais parecido com uma capital européia, digna de sediar a monarquia portuguesa. Sua missão incluía aterrar pântanos, organizar o abastecimento de água e comida e a coleta de lixo e esgoto, calçar e iluminar as ruas usando lampiões a óleo de baleia, construir estradas, pontes, aquedutos, fontes, passeios e praças públicas. Ficou também sob sua responsabilidade policiar as ruas, expedir passaportes, vigiar os estrangeiros, fiscalizar as condições sanitárias dos depósitos de escravos e providenciar moradia para os novos habitantes que a cidade recebeu com a chegada da corte.

domingo, 12 de agosto de 2012

Medalhas olímpicas e a segurança pública


Os brasileiros obtiveram, por seus resultados nas provas olímpicas, 17 medalhas. Alguns comentaristas (jornalistas, desportistas e outros profissionais do esporte) informam que os resultados poderiam, e deveriam, ser muito melhores.


Também relatam que as condições de trabalho para as pessoas que representam o país são muito ruins, salvo raras exceções.

É uma pena para o país se seus governantes não querem entender que as novas gerações se inspiram (que é o tema dos jogos 2012) no exemplo das velhas gerações e, assim, cada "herói olímpico" será acompanhado por uma legião de admiradores, seguidores e, sobretudo, chamas acesas de esperança num futuro melhor.

Também é triste constatar que os únicos que são lembrados, aplaudidos e vaiados, sãos os atletas e técnicos, a “cartolagem” e os tais governantes desaparecem nos momentos ruins (diga-se de passagem, com grande desenvoltura...) e agem assim unicamente por estarem cientes de que propiciam um ambiente aquém do necessário para a produção de medalhas.

Com a Segurança Pública, que é o resultado de um contexto, ocorre um processo semelhante, somente os profissionais encarregados da aplicação da lei aparecem, mas os causadores dos problemas que resultam num ambiente fomentador do crime e da violência somem. Esta realidade precisa ser amplamente divulgada, caso contrário nada mudará para melhor...

domingo, 1 de julho de 2012

A legalização do aborto e a criminalidade


Nenhuma das explicações oferecidas para a queda nas taxas de homicídio, nos EUA, desde a década de 1990 foi, entretanto, tão polêmica e impactante como a que procurou demonstrar que a queda dos homicídios estava ligada à legalização do aborto ocorrida 20 anos antes. A hipótese foi apresentada em um estudo de dois jovens pesquisadores, John Donohue, da Universidade de Stanford e Steven Levitt, da Universidade de Chicago. Em 1973, no famoso caso Roe versus Wade, a Suprema Corte tomou a decisão que tornou legal o aborto nos EUA. O ponto de virada para as taxas de homicídio (início dos anos 90) coincide com o período em que as crianças nascidas após a decisão pró-aborto estariam alcançando seus últimos anos como adolescentes. Crianças indesejadas possuem mais chances de receber menos afeto. A incidência do fenômeno é mais comum entre setores mais desfavorecidos e marginalizados da sociedade. Crianças indesejadas teriam, então, uma chance maior de se transformar em adolescentes violentos.

Os dois pesquisadores apresentaram muitas evidências em favor de sua tese. Primeiro, a queda na taxa de homicídios estava claramente associada a um número menor de crimes cometidos por jovens; segundo, os estados que haviam legalizado o aborto antes da decisão da Suprema Corte experimentaram antes o declínio dos crimes violentos; terceiro, os estados com maiores taxas de aborto tiveram as maiores reduções nas taxas de crimes violentos. Donohue e Levitt (Donuhue, John e Levitt, Steven D. “Legalized Abortion and Crime”, Quarterly Journal of Economics, 2001) estimaram que as taxas criminais em 1997 foram entre 10 a 20% mais baixas do que seriam caso não houvesse a legalização do aborto. Tal fenômeno, então, responderia por, pelo menos, metade das reduções nas taxas criminais observadas no período.

As reações a este estudo foram, como se pode imaginar, furiosas, especialmente por conta da forte presença do fundamentalismo religioso nos EUA. (Trecho do livro de Marcos ROLIM: “EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS SOBRE O DESARMAMENTO ou ‘tudo aquilo que o lobby das armas não gostaria que você soubesse’”; disponível em <<http://www.rolim.com.br/2002/_pdfs/mar06.pdf>>, acesso em 29 jun. 2012. Pag. 19 e 20).

sábado, 30 de junho de 2012

Memorial de cálculo para impacto na segurança pública

Quando o Estado reconhecer a segurança pública como parte da infraestrutura municipal (na mesma categoria de saneamento básico, eletricidade, pavimentação de vias públicas, saúde, etc), então todo empreendimento imobiliário (residencial, comercial, industrial ou misto) terá que juntar, como condicionante para aprovação de execução, um estudo sobre o impacto que causará nas condições de tranquilidade pública. O estudo demandará, por consequência, planos de eliminação ou mitigação a possíveis danos ao sossego público.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Senasp irá apoiar cursos de pós-graduação em Segurança Pública


A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, por meio da Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp), investirá R$ 6,24 milhões em projetos de cursos de pós-graduação. Há dois editais abertos para selecionar propostas de instituições de ensino superior federais, estaduais e municipais.

As federais interessadas deverão encaminhar suas propostas até 23 de julho pelos Correios, com Aviso de Recebimento (AR) para o Departamento de Pesquisa, Análise da Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública do Ministério da Justiça, no endereço Setor Comercial Norte, quadra 6, conjunto A, bloco A, 1º andar, sala 112 - Edifício Venâncio 3000. Brasília (DF), CEP 70716-900.

Já as propostas das instituições estaduais e municipais de Ensino Superior deverão ser cadastradas e envidas, de 2 de julho a 6 de julho, por meio do Portal de Convênios do Governo Federal SICONV. De acordo com o edital, os projetos deverão ser cadastrados no Programa Interno de número UO-30911 - Ministério da Justiça, Programa de Trabalho - 06.181.2070.2320.0001 - Ação do Fundo Nacional de Segurança Pública 2320 - Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional - Nacional - PI 5000VA.

Na sexta-feira (29/6), às 9 horas, será realizada, em Brasília, uma Audiência Pública para esclarecimento sobre os dois editais. Também está na programação da audiência uma breve capacitação para formulação de propostas e orientações técnicas para preenchimento do Siconv – Sistema de Gestão de Convênios. 

As inscrições para a audiência poderão ser realizadas até as 12 horas do dia 28 de junho, por meio do e-mail renaesp.senasp@mj.gov.br, contendo nome completo, RG, função, instituição, telefone e e-mail. 

A Renaesp foi criada em 2005 e faz parte de uma política educacional da Secretaria Nacional de Segurança Pública, promovida a partir da parceria com instituições de ensino superior, que recebem investimentos para a realização dos cursos de especialização. 

Com o objetivo de ampliar o acesso dos profissionais de segurança pública à aprendizagem e ao aperfeiçoamento profissional, e expandir a qualificação profissional e a produção científica sobre o tema da segurança pública, a Renaesp já realizou cerca de 140 cursos em 25 unidades federativas e formou mais de 6 mil alunos.

Em 2012, serão estabelecidas parcerias para a realização de 32 cursos, sendo 24 por instituições públicas de ensino superior. Ao todo, serão capacitados cerca de 1.440 profissionais de segurança pública em todo o território nacional.

terça-feira, 26 de junho de 2012

A segurança pública é um objetivo permanente.



Dentre os vários destaques, que vejo no texto, quero salientar um, qual seja, a relevância da compreensão dos trabalhos de segurança pública, sobretudo quanto à expectativa de bons resultados, como parte de um processo contínuo (ou um objetivo permanente, como se dizia nas aulas de Estudos dos Problemas Brasileiros) e não como respostas imediatas para situações críticas. Vemos esta ideia no seguinte trecho: “Aquele responsável garante, contudo, que esta medida não foi potenciada pelo aumento da insegurança na freguesia, pelo que o protocolo e a reactivação do gabinete pretende apenas continuar a garantir a segurança”.

Talvez o maior problema para manutenção da ordem pública é que durante uma crise de insegurança a comunidade busca soluções imediatas, porém quando a situação melhora há um sossego geral, até novas que novas ocorrências provoquem, novamente, desespero e medo e, então, o processo é reproduzido. É como se o profissional responsável pela segurança pública tenha que “inventar a roda” constantemente, a resolver os mesmos problemas nos mesmos lugares.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Interferências político-partidárias no trabalho policial



Há algumas semanas ponderava com um amigo de farda sobre as dificuldades de produzir um trabalho sério, honesto e profissional em meio a muitas ingerências político-partidárias, uma dessas situações se apresentou, de forma incontestável, por ocasião das ações de vandalismo e depredação de alunos contra instalações da UNIFESP, em Guarulhos, a qual demandou a ação policial na noite de 14/06/2012. Por conta deste evento temos algumas manifestações, destaco uma reportagem no Bom Dia São Paulo, da Rede Globo de Televisão, na edição de 15/06/2012 <<http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-sao-paulo/v/alunos-da-unidade-de-guarulhos-da-unifesp-sao-presos/1994273/>>, e o texto anexo a esta postagem (Blog Reinaldo Azevedo).
Após ver o vídeo (feito por um dos manifestantes e veiculado pela emissora), destaco alguns pontos, quais sejam, durante a narração do episódio há menção a que os alunos “acusavam” a diretoria da universidade de chamar a polícia, ou seja, o sentido da coisa, pelo menos para os alunos manifestantes, é de que chamar a polícia é reprovável, interessante isso...
Também há o depoimento de um dos alunos, já no corpo da reportagem, de que a polícia chegou e nem quis conversar com os alunos, mas é notável que o próprio vídeo dos alunos mostra outra realidade, isto é, os policiais dentro das instalações da UNIFESP salvaguardando a saída de alunos, talvez não participantes da manifestação, de dentro da sala de aula (esta ação é melhor compreendida quando se ouve as gravações de solicitação da diretoria para a intervenção da PM no campus).
Há ainda outro aspecto, no mínimo estranho ao raciocínio lógico, no final da reportagem um aluno manifestante diz que a revolta se deve a que o campus de Guarulhos é o mais atrasado, em termos de infraestrutura, o que me conduz à seguinte pergunta: Se a estrutura está atrasada, ruim, inadequada, a solução é quebrar tudo?
A última nota da reportagem é ainda mais complicada, visto que a repórter dá conta de que a diretoria da UNIFESP informou que não chamou a Polícia Militar para agir no campus, mas há três gravações, cedidas pelo Centro de Operações da Polícia Militar de São Paulo, contrariando esta fala, nas três oportunidades a solicitação parte de pessoas identificadas como o diretor e sua secretária, será que ninguém avisou esse pessoal que as ligações e comunicações operacionais são registradas em arquivos de áudio?
A explicação dada é que uma viatura estava passando pelo local, viu a situação e adentrou o campus (o que será que teria chamado a atenção dos patrulheiros???). (Nota do autor: é procedimento policial quando uma viatura entra numa escola seguir diretamente para a direção, para contato com o responsável pela escola, até mesmo para poder elaborar o relatório escrito da atividade policial).
Imagino que a negação, quanto ao pedido por socorro policial, se deva a que a diretoria da Universidade também acredite que é reprovável chamar a Polícia para pisar no solo sagrado do campus (ou nem tão imaculado após as depredações...), é possível que seja mesmo, na ótica deles, inadmissível  e isto em decorrência de um único fator, que é o alinhamento político-partidário (bem explicitado no texto anexo). Esta linha político-partidária criticou o reitor da USP por chamar a PM e agora seria contra senso adotar a mesma atitude...
O que é difícil equacionar é o atendimento a ser prestado à comunidade, visto que a mesma atitude parece certa a alguns e errada a outros, não pela atitude em si, mas pela ideologia de quem julga os procedimentos policiais... Seria o caso de “formar” patrulheiros para atendimentos diferenciados? Explico: desenvolver um tipo de atendimento em que o policial, ao ouvir a solicitação, pergunte: “Qual a sua ideologia político-partidária senhora?”, ou ainda “Como a senhora gostaria de ser atendida? Por policiais desta ou daquela ideologia política?”. Tarefa espinhosa é esta de ser patrulheiro...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A grande vítima da violência é o policial, especialmente o policial militar.


Hoje eu fui visitar um abrigo para mulheres vitimadas pela violência. Não digo “foram vitimadas” porque continuam à mercê da crueldade, do desprezo e do exílio social (inclusive o endereço do abrigo é sigiloso). Cheguei como engenheiro civil, com o proprietário do edifício, e o primeiro impacto foi me identificar, ao portão, e perceber o cuidado do porteiro e da responsável pelo abrigo em não me deixar entrar antes de se certificarem sobre quem estava à porta, sendo que foi recomendado para eu não voltar sem prévio contato.

O segundo impacto foi o preparo para minha entrada no local, todas as crianças e mulheres foram “escondidas” num dos aposentos, entendi perfeitamente a preocupação e concordo que seja assim, afinal, mesmo identificado, eu poderia estar a serviço de um dos maridos violentos.

Fiz minha vistoria na edificação, conferi as plantas, conversei um pouco com as funcionárias (sempre com fins profissionais) e saí; agora devo preparar a documentação para regularização junto aos órgãos responsáveis.

Fiquei imaginando as histórias das pessoas confinadas no abrigo e, no papel de engenheiro civil, eu apenas fiquei imaginando, não tive contato com histórias, nem com as vítimas, somente com teto, paredes, papéis e funcionários.

Há um tempo fiz uma visita a um abrigo numa outra cidade, com uma grande diferença quanto à função que desempenhava, fui como policial militar. Nesta condição tive contato com pessoas, fiquei a par das histórias, inclusive estive no local por conta de uma dessas histórias. A empatia e a responsabilidade pelo bem estar dos abrigados é muito maior, infinitamente maior, num policial militar que num engenheiro civil (não digo com isso que o engenheiro seja insensível, mas cumpre outro papel social). O engenheiro sai do local e volta a seus afazeres diários e quando acabar o trabalho não precisa mais voltar, todavia o policial militar não mais sairá do local, ele sabe que há pessoas em perigo e sente o dever de prover tranquilidade, tanto quanto seja possível, àqueles seres humanos.

O título do texto se deve a que me senti vitimado pela violência na pele de policial militar de forma muito mais impactante que na função de engenheiro civil. Como policial militar eu nunca mais me esqueci do que vi e, sobretudo, do que ouvi naquele abrigo, principalmente em vista de que o policial militar não “desliga” de sua função de servir e proteger, desde o patrulheiro mais novato até o comandante de batalhão, ou seja, a cada nova ocorrência atendida há lembranças de outras solicitações, de outros problemas, de outras pessoas em apuros. Não é nada fácil ser policial militar.

Quanto menor o número de pessoas "vulneráveis" pela violência, crime e condições sociais mais espaço haverá para a sensação de segurança

Canadá é o melhor país do G20 para mulheres.


Sensação de segurança pode ser entendida como o momento em que o indivíduo tem a percepção de estar bem acolhido em sua comunidade.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Polícia Portuguesa em mais uma iniciativa de somar-se à comunidade.

Policial de proximidade por 5 dias.

Polícia de Proximidade é um dos nomes do policiamento comunitário, não conheço com detalhes o programa portugues de policiamento comunitário e nem o programa de engajar adolescentes de 12 anos no serviço policial comunitário, mas é certo que este tipo de atitude só tenderá a aproximar a Polícia e sua Comunidade, ou melhor A Comunidade e sua Polícia.

sábado, 9 de junho de 2012

Condomínios Fechados e a segurança pública


Direitos Humanos Ou Privilégios de Bandidos


Encontrei este artigo (publicado em 30/07/1991 e, segundo  entendo, muito atual), de Teresa Pires do Rio Caldeira, em razão de minhas pesquisas sobre as relações entre as práticas sociais e o espaço arquitetônico, mais especificamente sobre o fenômeno Condomínio Fechado como estratégia contra a violência e o crime. Destaco um trecho do texto:

"A sensação de segurança não é tanto uma função da ausência de crime, quanto de distância social. E distância social significa manutenção de privilégios e de uma ordem excludente. É algo nesse sentido que as elites paulistanas parecem estar querendo criar. Mesmo continuando a existir o crime lá fora, se os outros e sobretudo os pobres estiverem isolados e distanciados, será possível sentir-se seguro socialmente. A criação de enclaves protegidos é, na verdade, uma tentativa de criar distância social e, através dela, uma sensação de segurança.
O interessante nisso tudo é que o Estado parece estar sendo deixado relativamente de fora desse processo. Pede-se que seja duro, mas por via das dúvidas vai-se criando uma ordem paralela, pelo menos para a vida cotidiana. Levado ao limite, esse mecanismo deixará a polícia e a segurança pública tendo os pobres como clientela 'exclusiva' ".

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A compreensão do trabalho policial


Ontém foi o último dia do evento retratado na imagem acima. Uma das exposições foi sobre uma pesquisa acadêmica, em transcurso, abordando os Boletins de Ocorrência. Mais especificamente o estudo tem como objetivo analisar o discurso dos registros feitos na Delegacia da Mulher, sobre situações em que mulheres são vítimas de agressão, ou seja, quais os valores encontrados na forma estética e descritiva do boletim de ocorrência, o que este documento busca registrar, qual o tipo de texto encontrado nos históricos, etc.
Procurei o palestrante para me apresentar e comunicar que achei o tema muito interessante, me coloquei à disposição caso pudesse contribuir com informações sobre a cultura policial e as características do serviço policial, que transparecem, por vezes veladamente, num registro de ocorrência. Me senti motivado a tomar esta atitude porque, durante a exposição, o palestrante estranhou o tamanho diminuto do histórico, a sua expectativa de pesquisador era que o texto fosse detalhado e longo, narrando minuciosamente todas as ações e decorrências de um crime contra a mulher.
Penso que é uma tarefa instigante buscar entender e, sobretudo, desmistificar alguns equívocos quanto ao modo policial de agir (inclusive em registros escritos). Há muitas coisas que a Polícia faz, em termos de procedimentos e mesmo atitudes, que não fazem sentido para o cidadão comum e daí decorrem, a meu ver, muitos juízos contrários ao trabalho policial. Um exemplo é a manchete dando nota de que a Polícia Militar mata mais que a Polícia Civil (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120601_direitos_humanos_policias_onu_lk.shtml), na verdade, como sabemos, policiais não matam e sim são confrontados por pessoas armadas, mas é esta a mensagem que se passa à população?  A questão, nesta situação específica e segundo entendo, é que desvios são entendidos como regra e aí uma ação isolada de um policial é entendida, e transmitida à comunidade, como prática corriqueira de todos os policiais. Talvez as mensagens (verbais e não-verbais) transmitidas ao público sejam mal compreendidas, talvez isto se deva à má compreensão que os policiais tenham em relação à sua função na sociedade...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Alguém viu a urbanidade por aí?

Perto do dia 15/12/1985 tomei contato com a palavra "urbanidade". A termo está no juramento, que fiz no dia da formatura com meus colegas de turma, mais especificamente nos dizeres “tratar com urbanidade os subordinados”...

A palavra urbanidade tem como significado, segundo o Dicionário Michaelis, a qualidade do que é urbano; delicadeza, cortesia; civilidade, polidez e tem como antônimo a grosseria.

Urbanidade tem relação com urbe (cidade), de onde deriva. A urbe era o local, protegido, onde as pessoas estavam mais próximas, fisicamente, que no campo. Vizinhos de parede, com contato visual, até mesmo físico, no mercado e nas ruas. Esta proximidade pressupõe, obviamente, convivência e, sobretudo, reconhecer no outro um semelhante.

A cidade prestava-se a transmitir a ideia de segurança, o que é bem nítido, culturalmente, já na época em que ainda tinha o nome de burgo, e mesmo muito antes disso, o que pode ser entendido com muita clareza ao se imaginar visualmente as cidades antigas. Em primeiro lugar pensamos num muro alto com um portão forte e muralhas intransponíveis, essa é a imagem mais comum ao se pensar nas cidades antigas e medievais, ou seja, a palavra-chave é segurança. A segurança aqui entendida é aquela em que a população percebe a cidade como refúgio contra ações de nações inimigas, isto é, o campo é um local vulnerável, mas na cidade há segurança/tranquilidade, um exército que a defende e há a convivência pacífica entre cidadãos no interior dos limites da cidade.

Em nossos dias a urbanidade é um conceito esquecido, acredito que poucas pessoas ainda usem este vocábulo no cotidiano, talvez esteja perdido para muitos. Ocorre que o significado parece estar perdido no tempo de outrora, especialmente as grandes cidades, possivelmente porque os inimigos, que antes eram declarados e vinham de outras nações, hoje estejam dentro dos muros, camuflados (ou nem tanto).

Ainda há esperança para a urbanidade?

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Aluna faz dança erótica para professor em sala de aula

Aluna faz dança erótica para professor em sala de aula



Limites também são salvaguardas contra problemas graves, assim como os diques holandeses prestam-se a proteger contra o ímpeto do mar. Este conceito pode ser aplicado a todos os casos. Não se trata de uma pregação moralista, reacionária ou mesmo conservadora. O intento é expor a opinião de que sem regras a vida tende ao caos e à barbárie.
Hoje em dia é politicamente incorreto falar sobre princípios morais, impensável tratar sobre moral sem a pecha de ser conservador, reacionário, preconceituoso, intolerante... e por aí vai. A impressão é que estamos num vale-tudo onde quem se expõe mais angaria seguidores e “respeitabilidade”, ser irreverente passou a ser sinônimo de “personalidade marcante e forte”...
As imagens do vídeo, de pouco mais de um minuto, gravadas por um aluno, indicam que a sala de aula é um bom lugar para várias coisas, exceto estudar... Parece que há um choque geral de moralidade e revolta quando as cenas chegam à internet, acessível às massas, mas essa sim, consoante entendo, é uma moralidade hipócrita. Hipócrita por alguns motivos, a começar pelo fato de que as cenas não parecem ser o resultado de uma ideia improvisada, algo que nunca fora pensado, ou praticado, antes. O espaço no meio da sala de aula, a música, as coreografias e o contexto apontam que o show não era inédito e sim parte da aula deste professor, ou de outros professores. Também podemos pensar que as “crianças” da 8ª Série não aprenderam muito sobre biologia nestas aulas, será que ninguém notou isso? É possível que nenhum dos pais/mestres dos alunos nunca tenham conversado sobre o que se aprende na escola e nem mesmo ter visto se havia “lição de casa”, aliás estas práticas também são politicamente incorretas no relacionamento pais-filhos, visto que a escola é “chata” e, via de regra (exceto pelo professor do vídeo), os professores são “chatos” e alguns até mesmo perturbam a tranquilidade de quem quer simplesmente bater papo durante as aulas...
Durante o patrulhamento numa viatura de ronda escolar parei perto de uma escola por conta do alto som a perturbar o sossego, uma melodia marcante com uma letra extremamente anti-social e plena em palavrões e apologia ao crime e tráfico de drogas. Para minha surpresa a música vinha de dentro de uma escola de ensino fundamental. Fui para a sala da Diretora e perguntei o que estava acontecendo e obtive a resposta de que a associação de pais e mestre havia comprado o aparelho de som e que a música acalmava as crianças durante o recreio. Então comecei a repetir, na sala da Diretora, os palavrões que acabara de ouvir na letra. A surpresa que ela demonstrou em ouvir um policial militar fardado xingando, em alto e bom tom, atestaram que não se espera que uma pessoa “de bem” use tais termos, ou seja, as crianças se acalmam mas a Diretora fica chocada...
Sei de uma situação em que, contrariados com as opiniões do professor, uma classe inteira saiu da sala de aula deixando o mestre sozinho. Ele devia estar mesmo errado, não é mesmo? Afinal alunos sabem mais que os professores, sempre souberam, é justamente por isso que é ele quem leciona...
A questão é que este comportamento tende a se repetir no convívio social fora da escola, e a pergunta, que não é de minha autoria, não é que mundo estamos deixando para nossos filhos e sim “Que filhos estamos deixando para este mundo?”

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Países da ONU recomendam fim da Policia Militar no Brasil

O texto é realmente um "primor", para quem gosta de DESINFORMAÇÃO é claro.

O título é um capítulo à parte, não sei quem enviou esta matéria à agência EFE, mas o fato é que teceu um artigo com várias maldades e equívocos, a primeira é o título (Países da ONU recomendam fim da Polícia Militar no Brasil), ocorre que durante a leitura deste pequeno texto percebe-se que o assunto é relativo ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, ou seja, não há nenhum país recomendando nada e sim delegados, indicados por países, para o tal conselho. Mas não para aí não, caro leitor, nenhum delegado pediu o fim da Polícia Militar, pelo menos no texto que tive acesso, o que ocorre é que o representante da Dinamarca pensa que o sistema brasileiro (consoante artigo 144 da Constituição Federal) está equivocado ao dividir os trabalhos policiais entre duas instituições (Polícia Civil e Polícia Militar), ou será que na Dinamarca não há quem faça o policiamento ostensivo preventivo ? É claro que a pergunta é retórica. Mas a cereja do bolo é que no documento original (http://daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/G12/116/18/PDF/G1211618.pdf?OpenElement) o comentário sobre crimes cometidos por policiais militares é do representante do Reino Unido (pode ser que United Kingdom tenha sido traduzido como Dinamarca, possivelmente por que a Dinamarca também é uma monarquia...).

O texto prossegue com destaque às recomendações dos integrantes do Conselho de Direitos Humanos/ONU, e alguns trechos mostram bem claramente o que se pretende com a notícia, por exemplo:
“...que se combata a impunidade dos crimes cometidos contra juízes e ativistas de direitos humanos."  ou ainda que os trabalhos da Comissão da Verdade não sejam interrompidos. Outra questão muito interessante é o destaque às recomendações do Paraguai (aliás no texto original o representante é do Uruguay, mas pode ser que o representante uruguaio tenha conversado com o paraguaio antes de fazer a recomendação...) e da Argentina (que é a tradução da palavra inglesa Peru para o português).

Enfim, das 399 palavras do texto menos de 10% referem-se ao título, 34 para ser mais exato. Penso que estamos diante de um autor, ou autores, com fortes inclinações (para não dizer rancor) contra a Polícia Militar e que quer plantar alguma ideia de que os países da ONU estão recomendando o fim da PM, repito: no texto disponível na internet não há nada neste sentido. E na leitura que fiz do original também não percebi nada no sentido que a matéria tenta indicar.

Há campo para falar muito mais, mas prefiro parar por aqui.

Interdisciplinaridade na Segurança Pública: um aporte da Arquitetura e Urbanismo

Diretrizes para o espaço público urbano inibidor de delitos, por Adriana de Vasconcelos Santos Salles

Primeiras linhas do resumo da dissertação de mestrado (UnB): O objetivo geral do trabalho é contribuir para a produção e adequação de espaços urbanos públicos seguros, o objetivo específico, propor adequações desses espaços urbanos focadas na segurança do cidadão através da identificação de elementos e dos arranjos físicos que tenham capacidade de inibir o cometimento de delitos e de ampliar a apropriação dos espaços utilizando para tanto as questões ambientais.

A função "didática" dos meios de comunicação

Menina de 15 anos usa e-mail para chantagear empresario

O texto da notícia é semelhante a um roteiro desses seriados policiais de TV. A menina pode ter 15 anos, mas teve acesso a tantas situações de chantagem, crime e procedimentos delituosos que não deve ter sido muito dificil escolher um deles para colocar em prática. A fantasia esteve tão presente nesta trama que a moça passou os dados da conta bancária da mãe para o depósito (conforme a informação da Folha de São Paulo), talvez nem pensou em como iria fazer o saque.

Penso que muitos programas de televisão se prestam à função de manual para criminosos iniciantes. Houve um tempo em que o upgrade na carreira criminosa ocorria quando a pessoa adentrava a cadeia, me parece que hoje isso ocorre numa poltrona da sala de estar.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Tem algo faltando neste texto...

Gestão sofrível arruína trabalho de anos na SSP

O texto de Túlio Kahn inicia com o estabelecimento de uma "verdade", qual seja: A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo gere os negócios da Segurança Pública (me permito a redundância para pintar o quadro com cores vivas) de forma medíocre (Dicionário Aulete: Pessoa aquém da média do ponto de vista pessoal ou profissional).

Reconheço que não reúno condições para julgar o trabalho do Sr Secretário da Segurança Pública de São Paulo e nem me arrisco a comentar as opiniões do Dr Túlio Kahn, quem admiro e tive a grata satisfação de entrevistar para minha pesquisa de CAO. Mas o texto publicado no blog me inquieta sobremaneira, visto que após a sentença inicial não há nenhuma pista sobre como é que se caracteriza esta mediocridade, advinda da SSP.

O que me restou foi pensar, cá com meus botões (e talvez com quem tenha acesso a esta postagem), sobre a abordagem a um assunto de tamanha relevância para a sociedade bandeirante. Digo isto porque imagino que se o gerir é medíocre, a decorrente pergunta passa a ser quem permitiu que isso ocorresse. Outra questão, creio que de maior importância, diz respeito ao que caracteriza a tal incompetência, no mínimo para que o(s) erro(s) não se repita(m). Será que a correção é algo de menor importância?

domingo, 27 de maio de 2012

Dica de filme: O lavador de almas (Pierrepoint)

(SINOPSE - Albert Pierrepoint (Timothy Spall) tentou evitar, mas terminou seguindo os passos de seu pai e tornou-se carrasco em 1934. Aos poucos seu conceito cresce, devido ao uso sofisticado e frio de seus métodos, o que o faz ser o mais respeitado e temido carrasco da Inglaterra. Quando abandonou a profissão, em 1956, Pierrepoint tinha mais de 600 execuções em seu currículo.)

A dica sobre este filme de 2005 veio parar aqui, neste blog, por conta do assunto delicado e a forma de tratá-lo, pelo filme, é importante refletir sobre alguns aspectos da nossa sociedade formal, o modo como o Estado se manifesta em nossas vidas cotidianas.

A sinopse do filme não retrata a complexidade do tema (pena de morte), ou mesmo da sociedade inglesa na época em questão. Vale a pena assistir, pelo prazer de ver um bom filme, em minha modesta opinião, e também pelas reflexões que o enredo enseja.