quinta-feira, 7 de junho de 2012

A compreensão do trabalho policial


Ontém foi o último dia do evento retratado na imagem acima. Uma das exposições foi sobre uma pesquisa acadêmica, em transcurso, abordando os Boletins de Ocorrência. Mais especificamente o estudo tem como objetivo analisar o discurso dos registros feitos na Delegacia da Mulher, sobre situações em que mulheres são vítimas de agressão, ou seja, quais os valores encontrados na forma estética e descritiva do boletim de ocorrência, o que este documento busca registrar, qual o tipo de texto encontrado nos históricos, etc.
Procurei o palestrante para me apresentar e comunicar que achei o tema muito interessante, me coloquei à disposição caso pudesse contribuir com informações sobre a cultura policial e as características do serviço policial, que transparecem, por vezes veladamente, num registro de ocorrência. Me senti motivado a tomar esta atitude porque, durante a exposição, o palestrante estranhou o tamanho diminuto do histórico, a sua expectativa de pesquisador era que o texto fosse detalhado e longo, narrando minuciosamente todas as ações e decorrências de um crime contra a mulher.
Penso que é uma tarefa instigante buscar entender e, sobretudo, desmistificar alguns equívocos quanto ao modo policial de agir (inclusive em registros escritos). Há muitas coisas que a Polícia faz, em termos de procedimentos e mesmo atitudes, que não fazem sentido para o cidadão comum e daí decorrem, a meu ver, muitos juízos contrários ao trabalho policial. Um exemplo é a manchete dando nota de que a Polícia Militar mata mais que a Polícia Civil (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120601_direitos_humanos_policias_onu_lk.shtml), na verdade, como sabemos, policiais não matam e sim são confrontados por pessoas armadas, mas é esta a mensagem que se passa à população?  A questão, nesta situação específica e segundo entendo, é que desvios são entendidos como regra e aí uma ação isolada de um policial é entendida, e transmitida à comunidade, como prática corriqueira de todos os policiais. Talvez as mensagens (verbais e não-verbais) transmitidas ao público sejam mal compreendidas, talvez isto se deva à má compreensão que os policiais tenham em relação à sua função na sociedade...

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