terça-feira, 19 de junho de 2012

Interferências político-partidárias no trabalho policial



Há algumas semanas ponderava com um amigo de farda sobre as dificuldades de produzir um trabalho sério, honesto e profissional em meio a muitas ingerências político-partidárias, uma dessas situações se apresentou, de forma incontestável, por ocasião das ações de vandalismo e depredação de alunos contra instalações da UNIFESP, em Guarulhos, a qual demandou a ação policial na noite de 14/06/2012. Por conta deste evento temos algumas manifestações, destaco uma reportagem no Bom Dia São Paulo, da Rede Globo de Televisão, na edição de 15/06/2012 <<http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-sao-paulo/v/alunos-da-unidade-de-guarulhos-da-unifesp-sao-presos/1994273/>>, e o texto anexo a esta postagem (Blog Reinaldo Azevedo).
Após ver o vídeo (feito por um dos manifestantes e veiculado pela emissora), destaco alguns pontos, quais sejam, durante a narração do episódio há menção a que os alunos “acusavam” a diretoria da universidade de chamar a polícia, ou seja, o sentido da coisa, pelo menos para os alunos manifestantes, é de que chamar a polícia é reprovável, interessante isso...
Também há o depoimento de um dos alunos, já no corpo da reportagem, de que a polícia chegou e nem quis conversar com os alunos, mas é notável que o próprio vídeo dos alunos mostra outra realidade, isto é, os policiais dentro das instalações da UNIFESP salvaguardando a saída de alunos, talvez não participantes da manifestação, de dentro da sala de aula (esta ação é melhor compreendida quando se ouve as gravações de solicitação da diretoria para a intervenção da PM no campus).
Há ainda outro aspecto, no mínimo estranho ao raciocínio lógico, no final da reportagem um aluno manifestante diz que a revolta se deve a que o campus de Guarulhos é o mais atrasado, em termos de infraestrutura, o que me conduz à seguinte pergunta: Se a estrutura está atrasada, ruim, inadequada, a solução é quebrar tudo?
A última nota da reportagem é ainda mais complicada, visto que a repórter dá conta de que a diretoria da UNIFESP informou que não chamou a Polícia Militar para agir no campus, mas há três gravações, cedidas pelo Centro de Operações da Polícia Militar de São Paulo, contrariando esta fala, nas três oportunidades a solicitação parte de pessoas identificadas como o diretor e sua secretária, será que ninguém avisou esse pessoal que as ligações e comunicações operacionais são registradas em arquivos de áudio?
A explicação dada é que uma viatura estava passando pelo local, viu a situação e adentrou o campus (o que será que teria chamado a atenção dos patrulheiros???). (Nota do autor: é procedimento policial quando uma viatura entra numa escola seguir diretamente para a direção, para contato com o responsável pela escola, até mesmo para poder elaborar o relatório escrito da atividade policial).
Imagino que a negação, quanto ao pedido por socorro policial, se deva a que a diretoria da Universidade também acredite que é reprovável chamar a Polícia para pisar no solo sagrado do campus (ou nem tão imaculado após as depredações...), é possível que seja mesmo, na ótica deles, inadmissível  e isto em decorrência de um único fator, que é o alinhamento político-partidário (bem explicitado no texto anexo). Esta linha político-partidária criticou o reitor da USP por chamar a PM e agora seria contra senso adotar a mesma atitude...
O que é difícil equacionar é o atendimento a ser prestado à comunidade, visto que a mesma atitude parece certa a alguns e errada a outros, não pela atitude em si, mas pela ideologia de quem julga os procedimentos policiais... Seria o caso de “formar” patrulheiros para atendimentos diferenciados? Explico: desenvolver um tipo de atendimento em que o policial, ao ouvir a solicitação, pergunte: “Qual a sua ideologia político-partidária senhora?”, ou ainda “Como a senhora gostaria de ser atendida? Por policiais desta ou daquela ideologia política?”. Tarefa espinhosa é esta de ser patrulheiro...

Um comentário:

  1. E pra completar, a figura do desacato ainda vai acabar.
    Me parece então que a "acusação" é por ter sido pedida a polícia e não pela ação propriamente dita.
    Eles que se entendam.

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