Limites também são salvaguardas contra problemas graves,
assim como os diques holandeses prestam-se a proteger contra o ímpeto do mar. Este
conceito pode ser aplicado a todos os casos. Não se trata de uma pregação
moralista, reacionária ou mesmo conservadora. O intento é expor a opinião de
que sem regras a vida tende ao caos e à barbárie.
Hoje em dia é politicamente incorreto falar sobre princípios
morais, impensável tratar sobre moral sem a pecha de ser conservador,
reacionário, preconceituoso, intolerante... e por aí vai. A impressão é que estamos
num vale-tudo onde quem se expõe mais angaria seguidores e “respeitabilidade”,
ser irreverente passou a ser sinônimo de “personalidade marcante e forte”...
As imagens do vídeo, de pouco mais de um minuto, gravadas por
um aluno, indicam que a sala de aula é um bom lugar para várias coisas, exceto
estudar... Parece que há um choque geral de moralidade e revolta quando as
cenas chegam à internet, acessível às massas, mas essa sim, consoante entendo,
é uma moralidade hipócrita. Hipócrita por alguns motivos, a começar pelo fato
de que as cenas não parecem ser o resultado de uma ideia improvisada, algo que
nunca fora pensado, ou praticado, antes. O espaço no meio da sala de aula, a
música, as coreografias e o contexto apontam que o show não era inédito e sim
parte da aula deste professor, ou de outros professores. Também podemos pensar
que as “crianças” da 8ª Série não aprenderam muito sobre biologia nestas
aulas, será que ninguém notou isso? É possível que nenhum dos pais/mestres dos
alunos nunca tenham conversado sobre o que se aprende na escola e nem mesmo ter
visto se havia “lição de casa”, aliás estas práticas também são politicamente
incorretas no relacionamento pais-filhos, visto que a escola é “chata” e, via
de regra (exceto pelo professor do vídeo), os professores são “chatos” e alguns
até mesmo perturbam a tranquilidade de quem quer simplesmente bater papo
durante as aulas...
Durante o patrulhamento numa viatura de ronda escolar parei perto
de uma escola por conta do alto som a perturbar o sossego, uma melodia marcante
com uma letra extremamente anti-social e plena em palavrões e apologia ao crime
e tráfico de drogas. Para minha surpresa a música vinha de dentro de uma escola
de ensino fundamental. Fui para a sala da Diretora e perguntei o que estava
acontecendo e obtive a resposta de que a associação de pais e mestre havia
comprado o aparelho de som e que a música acalmava as crianças durante o
recreio. Então comecei a repetir, na sala da Diretora, os palavrões que acabara
de ouvir na letra. A surpresa que ela demonstrou em ouvir um policial militar
fardado xingando, em alto e bom tom, atestaram que não se espera que uma pessoa
“de bem” use tais termos, ou seja, as crianças se acalmam mas a Diretora fica
chocada...
Sei de uma situação em que, contrariados com as opiniões do
professor, uma classe inteira saiu da sala de aula deixando o mestre sozinho.
Ele devia estar mesmo errado, não é mesmo? Afinal alunos sabem mais que os
professores, sempre souberam, é justamente por isso que é ele quem leciona...
A questão é que este comportamento tende a se repetir no
convívio social fora da escola, e a pergunta, que não é de minha autoria, não é
que mundo estamos deixando para nossos filhos e sim “Que filhos estamos
deixando para este mundo?”
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