O Coronel José Vicente, também conhecido
como Especialista Silva Filho, comenta a produção de números sobre o crime e a violência,as estatísticas denominadas “índices criminais”.
Em rápidas palavras o comentário explica
que a subnotificação[i] chega,
em alguns crimes, a 90% do que ocorre de fato, ou seja, somente 10% destes
delitos são relatados. Com este nível de desinformação não é possível adotar
nenhum plano ou prática para combater o crime e controlar a violência. E, num
grau maior, impossibilita a discussão técnica sobre o assunto, se o ponto de
partida se restringe a números estatísticos.
Por estar neste ramo de atividades há mais
de 30 anos eu sempre vi com muitas reservas a implementação de políticas
públicas de segurança com lastro exclusivo nos índices criminais, e isto por três
motivos principais, a limitação física no atendimento a ocorrências, os equívocos
nos registros e a significação destes números para a população.
Os índices derivam da tabulação das
notificações, pela população, de crimes, e estas informações são geradas, em
plano principal, pelo atendimento “190”, todavia o chamado de atendimento
somente se transforma em ocorrência quando os policiais militares chegam ao
local e confirmam o que foi dito ao call
center da Polícia. Sem confirmação não há encaminhamento ao Distrito
Policial, ou seja, não há ocorrência.
Quando a “ocorrência” chega ao DP será
registrada por outros profissionais, que classificarão o relato num código,
futuramente contabilizado como roubo, furto, homicídio, estupro, etc. Se houver
um equívoco neste processo, um homicídio pode se “transformar” numa “morte a
esclarecer”...
Ainda que estatísticas indiquem que há tranquilidade,
o cidadão vitimado por alguma ação criminosa (pessoalmente ou por ter
presenciado) sentirá medo do crime e da violência.
Vejo com apreensão os debates sobre segurança
pública e ação policial calcados exclusivamente em estatísticas, que são falhas
e não reproduzem a realidade.
Índices criminais indicam que a discussão, responsável, sobre temas relativos à Segurança Pública não pode fugir à realidade.
Uma possibilidade, acredito adequada ao caso, é olhar o espaço público urbano e lê-lo, observá-lo e decodificá-lo... Entender os motivos que levam o cidadão a comprar cercas elétricas para o perímetro de seu domicílio, porque contrata vigilantes, etc.
[i]
Segundo pesquisa na internet: Notificação de algo abaixo do esperado;
notificação não formalizada, gerando índice abaixo da realidade.
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