Houve um tempo em que era vergonhoso, reprovável
socialmente, ser chamado de ladrão, de traficante, de maconheiro, etc, contudo se
vai ao longe essa época, hoje há a possibilidade de que estes adjetivos
adquiram tons elogiosos, reconhecimento de que fulano é valente, é macho, “se
garante”.
Esse assunto já apareceu neste blog duas vezes (É bonito ser feio? e
É bonito ser feio? parte 2). Mas fiquei sabendo de uma situação afim ao tema e ainda mais instigante.
Em algumas baladas, as “baladas de ladrão”,
um delinquente de sucesso, em seu ramo de atividades, parece ser “um bom
partido”, alvo de atenção e disputa pelas moças, que exibem seus dotes físicos fartamente,
na clara intenção de atrair um malandro, para ser-lhe mulher, para que ele a
proteja, garanta uma vida financeira tranquila e a presenteie fartamente.
Estranho, não é? Talvez não... talvez não
seja estranho, visto que há uma lógica, um sentido por trás de tal escolha.
Como
dito anteriormente, em relação à proteção, lembro que na contemporaneidade
todos carecem de proteção, sobretudo contra o crime e a violência. Todos
buscamos um “lugar ao sol”. E, afinal, quem não gosta de paparicos?
É claro, como a experiência demonstra, que com o tempo a mulher do malandro vai aprender/vivenciar o que significa a expressão "mulher de malandro", mas aí já é tarde para mudar de vida e continuar viva.
Pode ser uma atitude de difícil aceitação, mas me parece bem compreensível...
Destaco que a intenção neste texto não é oferecer julgamentos ético-morais ao leitor, trata-se de uma linha de argumentação que busca observar, descrever (ainda que à grosso modo) e analisar, com ligeireza, o fenômeno "Balada de ladrão".
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