sexta-feira, 19 de abril de 2013

Balada de ladrão


Houve um tempo em que era vergonhoso, reprovável socialmente, ser chamado de ladrão, de traficante, de maconheiro, etc, contudo se vai ao longe essa época, hoje há a possibilidade de que estes adjetivos adquiram tons elogiosos, reconhecimento de que fulano é valente, é macho, “se garante”.

Esse assunto já apareceu neste blog duas vezes (É bonito ser feio? e É bonito ser feio? parte 2). Mas fiquei sabendo de uma situação afim ao tema e ainda mais instigante.

Em algumas baladas, as “baladas de ladrão”, um delinquente de sucesso, em seu ramo de atividades, parece ser “um bom partido”, alvo de atenção e disputa pelas moças, que exibem seus dotes físicos fartamente, na clara intenção de atrair um malandro, para ser-lhe mulher, para que ele a proteja, garanta uma vida financeira tranquila e a presenteie fartamente.

Estranho, não é? Talvez não... talvez não seja estranho, visto que há uma lógica, um sentido por trás de tal escolha. 

Como dito anteriormente, em relação à proteção, lembro que na contemporaneidade todos carecem de proteção, sobretudo contra o crime e a violência. Todos buscamos um “lugar ao sol”. E, afinal, quem não gosta de paparicos?

É claro, como a experiência demonstra, que com o tempo a mulher do malandro vai aprender/vivenciar o que significa  a expressão "mulher de malandro", mas aí já é tarde para mudar de vida e continuar viva.

Pode ser uma atitude de difícil aceitação, mas me parece bem compreensível...

Destaco que a intenção neste texto não é oferecer julgamentos ético-morais ao leitor, trata-se de uma linha de argumentação que busca observar, descrever (ainda que à grosso modo) e analisar, com ligeireza, o fenômeno "Balada de ladrão".

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