domingo, 10 de março de 2013

Um dilema de (in)segurança para os espaços urbanos públicos


Passei hoje por uma praça no bairro paulistano da Aclimação, mais precisamente, a Praça General Polidoro. A percepção, da praça e entorno, evoca a tranquilidade/bucolismo das cidades interioranas, pessoas passeando, caminhando, levando cachorros, conversando na calçada.

A praça é pública, mas não é aberta, está cercada de grades, com um portão de entrada. A primeira vista eu pensei que estivesse com o acesso restrito, ao rodeá-la percebi o portão, aberto.

Esta imagem/condição me levou a pensar no dilema de alguns espaços urbanos públicos, sobretudo parques e praças, qual seja, sem grades o local fica sujeito a vandalismos, cometimento de delitos de toda ordem e ponto de venda/consumo de entorpecentes (entra em processo de desertificação e, por óbvio, perde a vitalidade) e o público acaba por não usar o que é “público”. Tem-se aí um contrassenso: Para ser público o território precisa ser/parecer privado...

A aparência de “privado” comunica o cuidado e, sobretudo, que “alguém” está a vigiar, isto em decorrência de que “o que é de todos não é vigiado por ninguém”, ou ainda “terra de ninguém”. Ainda há um certo grau de dificuldade em entender que o que é de todos deve ter o zelo de todos.

Voltando às grades, me parece que o sentido lógico de manter praças públicas e parques em condições de uso, aptos ao “vivenciar”, pressupõe o uso de grades, cuja tradução mais direta se constitui na demarcação de um território – seguro aos usuários e inibidor de delitos (talvez por conta de que as grades são obstáculos à fuga, pós furto/roubo, de delinquentes que tentarem agir dentro do espaço delimitado pelas grades).

Fica a dica do vendedor de água de côco, no Parque da Aclimação: “O prefeito tem que cuidar daqui, o último foi terrível para o local, deixou crescer mato em toda a extensão do parque. Um bom prefeito daria condições para a instalação de muitas barraquinhas de comércio e o parque ficaria muito melhor”.

Um comentário:

  1. A cidade de SP, assim como outros grandes centros urbanos do país vivem uma crise de pertencimento. As pessoas não se sentem parte das cidades porque as prefeituras não zelam pelos equipamentos públicos. Por outro lado a prefeitura não zela porque os cidadãos não conservam os locais.... o que fazer? Somente o diálogo próximo entre representantes do poder público e da comunidade interessada poderá reverter esse quadro de despertencimento.

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