domingo, 17 de fevereiro de 2013

Samba-enredo vencedor da Unidos da Tamoios: No país do "faz de conta"

Normalmente eu faço a postagem com o link do endereço eletrônico do texto em destaque, desta vez uso outra forma de abordar a notícia, colo a reportagem do Jornal O Vale Paraibano na íntegra, com meus comentários (em vermelho).

O título da postagem nos remete ao Carnaval brasileiro - tempo de brincadeiras, de samba e do reinado de Momo. A maior festa do país, esperada o ano todo, aliás, dizem alguns, “o ano só começa depois do carnaval”. Esse tempo de diversão e esquecimento de questões mais sérias é refletido em situações críticas que merecem, penso eu, consideração, atenção e, sobretudo, seriedade. Eis a matéria:

Quadrilha rouba 75 kg de explosivos da obra da Tamoios
Da Redação, do Jornal Vale Paraibano
(07 DE FEVEREIRO DE 2013 ÀS 10H42)

Seis criminosos [Seis pessoas? Seis indivíduos entraram no canteiro de obras, à noite, de uma construtora... Você, caro leitor, já tentou entrar num banco? É fácil? Me parece que tal lógica não se aplica a um canteiro de obras com 850 quilos de dinamite e detonadores...] roubaram 75 quilos de dinamite [Haviam 850 quilos à disposição, mas “só” levaram o suficiente para explodir 54 caixas eletrônicos...] na madrugada desta quinta-feira (07/02/13) no canteiro de obras da Rodovia dos Tamoios (SP-99) em Paraibuna. Os explosivos seriam utilizados para a detonação de rochas realizadas para a duplicação da rodovia, principal acesso ao litoral norte de São Paulo.

O crime ocorreu por volta das 3h quando o material explosivo chegava dentro de um caminhão ao canteiro de obras [O verbo “chegava” dá a impressão de que o veículo estava em movimento, mas pelo texto é possível entender que já havia chegado e estava estacionado.], próximo ao km 50. Segundo a polícia, os assaltantes levaram parte da carga de 850 quilos que estava no caminhão, provavelmente para explodir caixas eletrônicos.

De acordo com o boletim de ocorrência, a quadrilha, que estava fortemente armada e encapuzada, rendeu o motorista do caminhão que levava os explosivos e três funcionários [A imagem, que se forma da cena, para mim, é que não havia escolta, possivelmente o motorista – a dormir na boleia do caminhão – talvez um vigilante/porteiro e mais dois trabalhadores.] que estavam no canteiro de obras. Os quatro reféns ficaram de joelhos ao lado do veículo [Quatro reféns ao lado de um caminhão... e todo mundo em silêncio para, porventura, não acordar os colegas... Ou seja, os seis bandidos agiram com um silêncio absoluto, a imaginar que a madrugada seja o horário mais tranquilo do dia, com menos ruídos.].

Com as vítimas rendidas, os criminosos roubaram três caixas de dinamite, que totalizam 75 quilos de explosivos, além de quatro detonadores para o material [Explosivos sem detonadores não são muito úteis, então, neste canteiro, eles ficam próximos, para não dar muito trabalho...]. De acordo com a polícia, os explosivos roubados foram colocados dentro de uma Kombi do consórcio [Além de deixar os detonadores “à mão”, também foi “providenciado” o transporte.] responsável pela obra e em seguida os criminosos fugiram no veículo.
O carro foi abandonado pelos suspeitos e encontrado horas depois a cerca de dez quilômetros do local de crime [Se a velocidade de fuga esteve em torno de 60 km/h, a viagem durou 10 minutos.]. Ninguém foi preso. A Dersa, responsável pelas obras de duplicação, foi procurada, mas não respondeu até a publicação da reportagem.
O delegado José Machado de Araújo Filho disse ao G1 que os explosivos roubados estavam em 54 cartuchos. "Estamos preocupados porque cada cartucho é suficiente para explodir um caixa eletrônico", disse. Araújo afirmou ainda que irá acionar o Exército de Caçapava. “Eles [o Exército Brasileiro] também são responsáveis por fazer a fiscalização do transporte de explosivos”.

Algumas questões:
·         Não há um plano estratégico quando há o transporte de 850 quilos de dinamite? Penso que se houvesse, algo que fosse mais que um calhamaço de papel, os criminosos nem conseguiriam entrar num local com tamanha quantidade de dinamite; também chama a atenção o fato de que o explosivo ainda estava no caminhão.
·         Volta-se à velha prática de tentar colocar o guiso no rabo do gato, isto é, à busca de um culpado (os funcionários – daí o relato de que os bandidos estavam fortemente armados e encapuzados -, a Dersa, o Consórcio responsável pela obra, o Exército Brasileiro, a Polícia – “Ninguém foi preso”.). E, a partir daí, pratica-se a velha fórmula “Não tenho nada com isso, a minha parte eu fiz”.
·         Quantos 75 quilos de dinamite, mais os detonadores, serão necessários para se tratar o assunto com seriedade?

Esse episódio é mais alerta sobre como situações importantes, extremamente delicadas, são tratadas no País do “Faz de contas”.

Em outras palavras: Faz de conta que está tudo planejado; Faz de conta que o plano será seguido; Faz de conta que a situação está sob controle; Faz de conta que a informação sobre um carregamento de explosivos não será fornecida a criminosos; Faz de conta que os detonadores ficarão longe, fisicamente, dos explosivos; Faz de conta que material explosivo tem um local seguro para ser armazenado; Faz de conta que o transporte de 850 quilos de dinamite não vai chamar a atenção de ninguém; etc...

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