Dez caminhões, oito automóveis e trinta
homens !!! É um evento cinematográfico, resultado de planejamento minucioso e
execução, até o momento, irrepreensível. Não se trata de exaltar a ação dos
criminosos, mas de constatar seu inegável sucesso. E o êxito da missão
criminosa propicia reflexão, de minha parte, sobre como é tratada a prevenção
ao crime, isto é, atuando numa direção, penso eu, equivocada.
É lamentável, sob minha ótica, a insistência
maciça em investir talento, tempo e recursos financeiros em equipamentos e
sistemas contra o crime. É cada vez mais frequente/patente a quebra de esquemas
“infalíveis”, e isso ocorre porque não há nenhum aparato que seja
intransponível, visto que em algum momento haverá algum efeito do uso/operação
destas parafernálias por seres humanos, que não são máquinas e que cometem
enganos (involuntariamente ou não...).
Outro ponto de reflexão é que enquanto há
pessoas com muito talento/genialidade para montar armadilhas e obstáculos para
criminosos, há outras pessoas com muito talento/genialidade para ludibriar as armadilhas
e transpor os obstáculos.
O cinema, a reboque da realidade, e até “didaticamente”,
tem demonstrado que, nesta trama polícia/ladrão, o ladrão acumula pontos e mais
pontos, ou ainda, fortunas e mais fortunas...
Pode ser que minha linha de argumentação
pareça utópica e inatingível, mas penso que passou da hora de investir mais no
homem e menos nos sistemas de segurança. É tempo de resgatar a dignidade da
pessoa humana de forma ampla, geral e irrestrita, seja na educação, no emprego,
na habitação, na sociedade, etc, etc, etc...
A prosseguir nesta lógica de se armar mais
e mais, contra as organizações criminosas, chegar-se-á a algo similar ao embate
da guerra fria (se é que já não estamos neste ponto), EUA versus URSS, com uma
corrida armamentista que não levou nenhum dos dois oponentes à vitória, à época
era comum ouvir que o poderio bélico das superpotências era capaz de destruir a
Terra várias vezes, ledo engano, o planeta só pode ser destruído uma única
vez... Uma analogia interessante com os modernos sistemas de segurança condominial, em que se troca a liberdade por uma tranquilidade não garantida, o que se atesta pelas grades, videomonitorização e muros, que mais segregam espacialmente - clausuras e celas -, que protegem de fato.
É evidente que a manutenção da ordem pública
depende de ações contra o crime e a violência, algumas vezes por via do uso de
armas, entretanto também é claro que sem investimento na pessoa humana o único resultado
em vista será uma guerra civil, em que se estabelecem dois lados cada vez mais demarcados
(física e ideologicamente) e distantes.
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