Bunker é uma fortificação militar para defesa, projetado para proteger as pessoas de bombas aéreas e outros tipos de ataques, isolando-as do mundo exterior.
O texto de Luís Pompeo, por via das lentes
da arquitetura e urbanismo, aponta a estratégia dos mais abastados contra a
insegurança urbana. O projeto em análise - Empreendimento Parque Cidade Jardim
- é apresentado como o resultado de um conceito, muito frequente no mercado
imobiliário brasileiro, de auto-segregação espacial como solução de
enfrentamento à insegurança urbana, isto é, quanto maior for o isolamento, em
relação ao “mundo externo”, maior a sensação de segurança, sendo que a extrema
aplicação da ideia é “envelopar” uma área dentro da cidade, que tenha “vida independente” da cidade.
Atrevo-me a somar, à crítica arquitetônica,
um olhar de segurança pública em relação ao conceito “Bunker”, no sentido de
pontuar duas considerações, quais sejam, o entendimento de que a condição
urbana não é garantia de qualidade de vida e a categorização socioeconômica para
o acesso à sensação de segurança.
A busca pela solução da auto-segregação
espacial e isolamento, pelas classes sociais mais abastadas, revela a
transformação das cidades – especialmente os espaços urbanos públicos - em
locais hostis e, sobretudo, não acolhedores.
O outro ponto digno de atenção, em relação ao
conceito do isolamento total, decorre do fato de que apenas uma pequena parte
da população pode pagar pelo “privilégio” de evitar a violência e o crime. Tal condição
leva a uma categorização – pobres e ricos –, esta categorização resulta da
separação física entre grupos socioeconômicos, os que estão dentro e os que
estão fora.
Será que apenas os mais abastados têm, na
condição intra-urbana pós-moderna, garantia de tranquilidade?
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