segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O conceito “Bunker” como estratégia contra a insegurança urbana

Um local de paz artificial, exclusivo e isolado

Bunker é uma fortificação militar para defesa, projetado para proteger as pessoas de bombas aéreas e outros tipos de ataques, isolando-as do mundo exterior.


O texto de Luís Pompeo, por via das lentes da arquitetura e urbanismo, aponta a estratégia dos mais abastados contra a insegurança urbana. O projeto em análise - Empreendimento Parque Cidade Jardim - é apresentado como o resultado de um conceito, muito frequente no mercado imobiliário brasileiro, de auto-segregação espacial como solução de enfrentamento à insegurança urbana, isto é, quanto maior for o isolamento, em relação ao “mundo externo”, maior a sensação de segurança, sendo que a extrema aplicação da ideia é “envelopar” uma área dentro da cidade, que tenha “vida independente” da cidade.

Atrevo-me a somar, à crítica arquitetônica, um olhar de segurança pública em relação ao conceito “Bunker”, no sentido de pontuar duas considerações, quais sejam, o entendimento de que a condição urbana não é garantia de qualidade de vida e a categorização socioeconômica para o acesso à sensação de segurança.

A busca pela solução da auto-segregação espacial e isolamento, pelas classes sociais mais abastadas, revela a transformação das cidades – especialmente os espaços urbanos públicos - em locais hostis e, sobretudo, não acolhedores.

O outro ponto digno de atenção, em relação ao conceito do isolamento total, decorre do fato de que apenas uma pequena parte da população pode pagar pelo “privilégio” de evitar a violência e o crime. Tal condição leva a uma categorização – pobres e ricos –, esta categorização resulta da separação física entre grupos socioeconômicos, os que estão dentro e os que estão fora.

Será que apenas os mais abastados têm, na condição intra-urbana pós-moderna, garantia de tranquilidade?

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