sábado, 3 de agosto de 2013

Violência e crime acontecem, mais frequentemente, em ruas doentes.

O texto em destaque[i] trata, com propriedade e lucidez irrecusáveis, de aspectos inerentes ao espaço urbano público sadio, ou seja, as ruas existem para serem frequentadas, caso contrário não há significado em ajuntamentos humanos, em outras palavras, ruas vazias se prestam a atestar que, em certas localidades, as pessoas não podem “correr o risco” de encontrar outras pessoas, sob pena de exposição à violência e ao crime.

Não há o que fazer, em termos de atuação policial para o controle do crime e da violência, quando as ruas estão à margem da ordem democrática, que é inclusiva somente nos momentos em que a força do direito suplanta o direito da força. O espaço urbano público cujo foco principal é a esquivança, evitado ao máximo possível, está doente e, como dito anteriormente, a Polícia, atuando isoladamente, não pode e nem foi idealizada para solucionar esta patologia...

Vamos ao texto:

É inútil tentar esquivar-se da questão da insegurança urbana tentando tornar mais seguros outros elementos da localidade, como pátios internos ou áreas de recreação cercadas. Por definição, mais uma vez, as ruas da cidade devem ocupar-se de boa parte da incumbência de lidar com desconhecidos, já que é por elas que eles transitam. As ruas devem não apenas resguardar a cidade de estranhos que depredam: devem também proteger os inúmeros desconhecidos pacíficos e bem-intencionados que as utilizam, garantindo também a segurança deles. Além do mais, nenhuma pessoa normal pode passar a vida numa redoma, e aí se incluem as crianças. Todos precisam usar as ruas.


[i] Retirado da página 36 do livro “Morte e vida de grandes cidades”, da autora Jane Jacobs.

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