Dia
desses fui visitar um amigo que gerencia os trabalhos de segurança em uma
grande universidade. Uma das atrações dos serviços que ele coordena é um centro
de monitoração, por vídeo, do campus
da universidade. Muito moderno com telas grandes e recursos visuais variados
(registro em vídeo, câmera lenta, ampliação de imagem, etc). Tudo que acontece
nos termos da escola é visto, revisto, analisado, estudado. Há também algumas câmeras
que permitem o acompanhamento dos alunos nas cercanias (calçadas, pontos de ônibus).
Algumas
cenas registradas mostram a ousadia, esperteza e o sucesso de muitos furtos e
alguns roubos. Vi uma ação famosa na imprensa, um delinquente abordando e
alvejando um dos alunos.
As
imagens são pitorescas e retratam partes interessantes do modus vivendi contemporâneo do paulistano, que não deve ser muito
diferente de outros brasileiros que vivem em grandes cidades.
Por
algum motivo, que não consigo explicar, lembrei-me das histórias infantis dos
irmãos Grimm, talvez pela ligação alunos-crianças-contos, não sei...
Vi
as irmãs postiças da cinderela iniciando a irmã borralheira no uso de maconha,
à luz do dia, na calçada da escola...
Também
vi um malfeitor distrair a atenção da Bela Adormecida, na cantina do colégio,
para levar seu celular enquanto a princesa estava distraída (os vilões apreciam muito estes aparelhos).
Entretanto
a narrativa mais significativa foi a aparição do Chapeuzinho Vermelho no ponto
de ônibus. Diferentemente do conto original, a floresta não estava deserta,
isto porque às 18:00 horas os aldeões ficam por lá esperando o transporte para
casa.
Quando
a pequena chegou o Lobo estava pelos arredores há tempos, calmamente, andando
de bicicleta, a espera de uma vítima.
Pois bem, a vítima chegou, sacou seu telefone celular e iniciou uma animada conversa, talvez com a Branca de Neve, e, como os demais vilões, o Lobo mau também gosta de celular.
Mantendo
a calma e esperando o momento mais adequado o Lobo se aproximou e, sem descer
de sua bicicleta, iniciou um cabo de guerra com a Chapeuzinho - puxa daqui,
puxa dali - e, finalmente, o mais forte, ousado e oportunista, ganhou a disputa
pelo celular, que deve ter durado alguns segundos.
Durante o puxa-puxa entrou em ação o Manto da Invisibilidade, lembro aos leitores que o ponto de ônibus estava
cheio de pessoas, todavia cada qual sacou seu manto (em vários formatos, fone de ouvido,
jornal, ipad...) e, desta forma, todos "sumiram", nenhum
ocupante daquele espaço “apareceu” para ajudar a moça.
Tempos difíceis são estes, em que os lobos estão cada vez
mais tranquilos a furtar e roubar e, consequentemente, mais ousados em suas
ações...
O Lobo
Mau enfiou o celular no bolso e saiu pedalando pela via, sob o olhar atônito de
sua vítima, e dos demais, que, nesse momento, já haviam guardado seus mantos de invisibilidade...
e
todos viveram inseguros para sempre...
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