A ordem dos franciscanos é conhecida por fundamentar-se
nos princípios humildade, simplicidade e justiça. Uma das formas de praticar a
humildade é desapegar-se de bens materiais, a culminar com “voto de pobreza”. Em
outras palavras, os franciscanos não serão vistos ostentando riqueza (joias,
roupas finas, objetos caros).
Segundo a notícia MEDO DE ARRASTÃO CRIA VISUAL “DESAPEGO”, o hábito da “não-ostentação” está em voga entre os
frequentadores do balneário do Guarujá.
Após a ocorrência de roubos em “massas”
(massa de ladrões e massa de vítimas) os turistas procuram limitar as chances
de perderem seus pertences, ou seja, deixam de usá-los no espaço urbano público
“Praias do Guarujá”, motivados pelo “medo do crime” – tema abordado neste blog
com o texto A EXPECTATIVA DO CRIME E DA VIOLÊNCIA SÃO TÃO PERNICIOSOS QUANTO O CRIME.
A proibição, informal, do uso de celulares, relógios,
cartões de crédito, carteiras, etc, enseja algumas considerações. A mais direta
é a sensação de insegurança nas praias, espaço democrático por excelência, sem
restrição à frequência. Pode-se, também, entender que o comportamento social
dos cidadãos é impactado, sensivelmente, por ações ocorridas e “a ocorrer” dos
criminosos.
Vítimas que não querem ser roubadas novamente, bem como aqueles que
“ainda” não sofreram a violência de um roubo, mas que se entendem como vítimas
potenciais, com forte probabilidade de verem seus pertences transformados em “estatísticas
policiais”, caso estejam expostos.
Pessoalmente não acredito que a falta do “espólio”
dos turistas demoverá os bandidos de suas práticas. A dificuldade em obter bens
pode “criar a necessidade” do uso de outras formas, possivelmente mais
violentas, para atingir o objetivo de roubar. Trata-se, portanto, de um
paliativo - atrapalha, mas não resolve.
Não há pretensão alarmista e, sim, busco suscitar
a discussão sobre um tema social gravíssimo, que não será resolvido deixando
pertences trancados em casa, ao contrário, pode até mesmo incentivar os ladrões
a buscar objetos/dinheiro dentro das casas, ou em outras ocasiões que lhes
sejam mais propícias...
O medo do crime estabelece uma condição abrangente de vitimização, pois mesmo quando criminoso não pratica o roubo, ele impede a "vítima do medo do crime" de usar seus pertences.
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