Considerações a partir da reportagem “PM bate recorde de mortes em SP e não reduz crimes”.
Inicio minhas linhas informando que o mérito
das informações e opiniões não é o ponto de trabalho deste texto, não há discordância
pura simples ou tomada de posição, mas sim argumentação livre e isenta.
A matéria trata, como se vê já no título,
que a Polícia Militar “mata” mais e, mesmo assim, não há o resultado positivo
da diminuição da violência - ou ainda do controle da criminalidade.
O primeiro aspecto que me ocorre é que estas
afirmações e a linha de raciocínio conduzem o leitor a uma armadilha, que se
divide em duas possibilidades, igualmente perigosas.
De início, a primeira possibilidade de leitura, há um ponto preocupante, visto
que a PM “mata” mais, mas não baixa os índices criminais. Há um risco em tratar
vida humana num plano inferior de valoração, isto é, se o crime estivesse em níveis menores,
decrescente com o tempo, as mortes seriam “justificáveis”?
Outro equívoco, a segunda possibilidade de leitura, é conduzir o leitor para uma
dedução desfocada do fato real, em outras palavras, parece
– pelo texto – que há uma estratégia institucional, estabelecida pela PM, no
sentido de que a melhor forma de combater o crime é a execução sumária dos
criminosos. Não há tal estratégia e nem mesmo poderia haver, a execução seria
tão criminosa quanto os delitos que os executados tivessem cometido.
Importa destacar que policiais militares
não são jagunços a serviço do Estado, há um sistema de controle para cada ação
policial-militar, interno da Corporação e externo também.
A PM não tem “licença
para matar”, a PM reage contra agressões, com uso proporcional de força e,
destas reações, podem ocorrer letalidades tanto de criminosos quanto de
policiais.
Quando há mortes por autoria de policiais, estas
são avaliadas, documentadas e julgadas (em última instância, pela Justiça Comum,
no Tribunal do Júri). Dizer que a PM tem matado criminosos, de forma ilegal,
impunemente, equivale a dizer que o Poder Judiciário é condescendente com
crimes praticados por policiais militares.
Embates entre policiais e bandidos não tem
nenhuma relação direta com a redução do crime ou violência, não se combate
crime com “tiroteio” e sim com educação, saúde, trabalho/emprego,
expectativas boas em relação ao futuro, etc.
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