Imediatismo e urgência marcam,
profundamente, a hipermodernidade (o que é atual agora será obsoleto em breve).
Questões cotidianas são afetadas pelo conceito de que as práticas devem ser
resolvidas “ontém”. Não se leva em consideração o “depois”.
No mundo natural,
palpável, tudo obedece, rigorosamente, a lei causa-efeito, tudo que conhecemos
teve uma causa e todas as causas produzem, inexoravelmente, efeitos. Um exemplo
bem conhecido, e aplicável a esta argumentação, é o conceito fast-food de alimentação, que produz efeitos
na saúde.
Outro aspecto, muito comum, é o imediatismo
das informações. Normalmente não há tempo para esclarecimentos, exposições de
relações causa-efeito. As imagens impactantes resumem-se a segundos
televisivos. Declarações, a estabelecer “verdades definitivas[i]”,
são obtidas a partir de edições do que foi gravado há poucos instantes e “tem”
que ir ao ar imediatamente.
Ao que tudo indica, o imediatismo nas
informações impõe um padrão cultural. O padrão de observar, descrever e analisar
rapidamente.
Ocorre que observar, descrever e analisar a
partir de “edições”, além de não refletir com honestidade a realidade, implica
em destacar as opiniões do compromisso causa-efeito.
Ao abordar determinado assunto de forma
imediata há o descaso com as decorrências, ou seja, quais as implicações do que
está sendo dito/afirmado? Chega-se às raias da irresponsabilidade, a tratar
temas de relevância social como assuntos de menor importância. O que é perceptível,
terrivelmente, nos comentários e afirmações afins à Segurança Pública.
Quando se observa a “edição” de presos em
espaços superlotados não há como negar as condições degradantes e desumanas que
o Estado impõe aos detentos, mas a conversa não pode terminar neste ponto,
faz-se necessário que o assunto seja tratado com responsabilidade e, neste
diapasão, prosseguir na argumentação com a exposição de propostas e, sobretudo,
quais os desdobramentos de tais propostas.
A continuar a linha do raciocínio, a
soltura imediata de todos os injustiçados pelo Sistema Carcerário pode provocar
graves consequências à população, em geral, que ficará exposta à ação dos
criminosos soltos, que juntar-se-ão àqueles que ainda não foram presos, ou
seja, quem assume os riscos disso?
Não é razoável resolver questões complexas sem antes prever as consequências das soluções propostas, de forma sistêmica, ou seja, entender as interligações e as decorrências.
Não é razoável resolver questões complexas sem antes prever as consequências das soluções propostas, de forma sistêmica, ou seja, entender as interligações e as decorrências.
O combate ao crime tem sido comentado, e
proposto, com base em edições e sugestões rápidas. As imagens produzidas pela
edição de partes do que ocorre, rotulam ações equivocadas da Polícia como verdades definitivas, equivocadamente, a tomar o TODO pela PARTE.
Parece que não se questiona, com
sensatez, o que acontecerá no dia em que as propostas de acabar com
a Polícia forem implementadas, a dizer “o que virá depois?”.
[i]
A levar em consideração que “verdades definitivas” podem, paradoxalmente, ser efêmeras.
Uma versão sobre determinado fato é apenas uma “versão”.
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