Neste domingo à noite o trânsito, em uma das
estradas rumo à cidade de São Paulo, me convidou a algumas ponderações.
De início o caos me mostrou – por via do
engarrafamento – que vinte veículos não ocupam o mesmo lugar no espaço,
simultaneamente.
Depois eu percebi que uma sirene, sem boa
vontade, não é muito eficaz. Se uma ambulância pede passagem, ao acionar seus
sinais sonoros, e os motoristas se sensibilizam, o caminho se abre. Entretanto,
quando uma viatura policial tenta progredir no terreno, com sua sirene ligada, e
não há boa vontade dos condutores, a missão é praticamente impossível.
Outro fato pitoresco, quando uma viatura
força caminho entre veículos é possível que um dos motoristas veja nessa
situação uma oportunidade de chegar mais rápido ao seu destino final, ou seja, passa
a seguir – na maior cara-de-pau – os policiais.
Se a distância/tempo entre ponto A e B é
desfavorável ao motoqueiro, a solução é atravessar por sobre as pistas, usando
a passarela destinada aos “pedestres”, ainda que, em alguns momentos, as
pessoas tenham que se espremer para a moto passar. A regra permanece em vigência mesmo que o
percurso sobre a passarela ocorra no exato momento em que uma viatura policial está logo
abaixo, parada no trânsito, não há motivo, deve pensar o motoqueiro, para parar ou desistir, afinal a
metade do caminho já havia sido transposta.
Ao observar as situações mencionadas chego
à conclusão de que é a este contexto que nos referimos ao falar sobre inversão
de valores. Em outras palavras, não há nenhuma grande conspiração aparente,
nenhum motim generalizado, que traga preocupação, ou ainda, que denuncie a
cultura da violência, mas sim o somatório de atitudes cotidianas adotadas pela
esmagadora maioria.
Fica mais transparente, a cada dia, a adoção da desordem como forma
de obter vantagem, em todos os aspectos da vida cotidiana.
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