domingo, 13 de abril de 2014

A volta à São Paulo no domingo à noite

Neste domingo à noite o trânsito, em uma das estradas rumo à cidade de São Paulo, me convidou a algumas ponderações.

De início o caos me mostrou – por via do engarrafamento – que vinte veículos não ocupam o mesmo lugar no espaço, simultaneamente.

Depois eu percebi que uma sirene, sem boa vontade, não é muito eficaz. Se uma ambulância pede passagem, ao acionar seus sinais sonoros, e os motoristas se sensibilizam, o caminho se abre. Entretanto, quando uma viatura policial tenta progredir no terreno, com sua sirene ligada, e não há boa vontade dos condutores, a missão é praticamente impossível.

Outro fato pitoresco, quando uma viatura força caminho entre veículos é possível que um dos motoristas veja nessa situação uma oportunidade de chegar mais rápido ao seu destino final, ou seja, passa a seguir – na maior cara-de-pau – os policiais.

Se a distância/tempo entre ponto A e B é desfavorável ao motoqueiro, a solução é atravessar por sobre as pistas, usando a passarela destinada aos “pedestres”, ainda que, em alguns momentos, as pessoas tenham que se espremer para a moto passar. A regra permanece em vigência mesmo que o percurso sobre a passarela ocorra no exato momento em que uma viatura policial está logo abaixo, parada no trânsito, não há motivo, deve pensar o motoqueiro, para parar ou desistir, afinal a metade do caminho já havia sido transposta.

Ao observar as situações mencionadas chego à conclusão de que é a este contexto que nos referimos ao falar sobre inversão de valores. Em outras palavras, não há nenhuma grande conspiração aparente, nenhum motim generalizado, que traga preocupação, ou ainda, que denuncie a cultura da violência, mas sim o somatório de atitudes cotidianas adotadas pela esmagadora maioria.

Fica mais transparente, a cada dia, a adoção da desordem como forma de obter vantagem, em todos os aspectos da vida cotidiana.

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