domingo, 19 de maio de 2013

Expectativa “oficial” de violência


Na reportagem sobre o saldo da violência na Virada Cultural/2013 em São Paulo-SP, há uma nota a respeito das expectativas do Prefeito da cidade, para o evento. O jornal registra que a avaliação é a de que houve um número maior de crimes e atos violentos que o esperado, todavia destaca que para um ajuntamento previsto de quatro milhões de pessoas, tais situações são consideradas normais. O jogo de palavras é interessante, visto que a violência esteve acima do esperado, mas é normal...

Destaco, a partir do texto da Folha de São Paulo, a questão do emprego de efetivo policial-militar para coibir crimes e controlar a violência, em razão de que 3.424 policiais militares estiveram presentes nas ruas de uma região geograficamente circunscrita a um bairro (ou seja, um contingente muito maior que o usual) e, mesmo assim, há registros de “arrastões”, gangues com cerca de cinquenta pessoas abordando, agredindo e roubando...

O destaque se deve a que este autor defende que o trabalho policial-militar culmina numa fração diminuta de controle da violência e do crime, visto que a Segurança Pública é o resultado de um contexto, e este é muito maior que a presença policial-militar nas ruas.

A partir do momento em que o encontro de duas torcidas organizadas rivais é suficiente para a ocorrência de cenas de selvageria e agressões físicas, é possível prever que qualquer grande ajuntamento de pessoas tem, em forma latente, a violência e o crime, o que permite entender a surpresa e conformismo das autoridades, a dizer, ocorreu, em 2013, um número de delitos maior que nas versões anteriores, todavia, é normal que isso aconteça quando há muita gente nas ruas.

Planejar um evento com o encontro, em espaços físicos muito próximos, de grupos antagônicos, por tempo prolongado, com infraestrutura precária para o transporte coletivo e, sobretudo, com manifestações culturais a incentivar a violência, equivale a idealizar uma receita muito eficiente para produzir barbárie e crime.

Em uma cidade como São Paulo não há como organizar (sem a ocorrência de conflitos e delitos) um evento, nos moldes da Virada Cultural/2013, visto que os números estatísticos de 2 mortos, 6 esfaqueados e 3 feridos por arma de fogo não registram a dor da perda para 11 famílias.

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