Na
reportagem sobre o saldo da violência na Virada Cultural/2013 em São Paulo-SP, há uma
nota a respeito das expectativas do Prefeito da cidade, para o evento. O jornal
registra que a avaliação é a de que houve um número maior de crimes e atos
violentos que o esperado, todavia destaca que para um ajuntamento previsto de
quatro milhões de pessoas, tais situações são consideradas normais. O jogo de palavras é
interessante, visto que a violência esteve acima do esperado, mas é
normal...
Destaco,
a partir do texto da Folha de São Paulo, a questão do emprego de efetivo
policial-militar para coibir crimes e controlar a violência, em razão de que
3.424 policiais militares estiveram presentes nas ruas de uma região
geograficamente circunscrita a um bairro (ou seja, um contingente muito maior
que o usual) e, mesmo assim, há registros de “arrastões”, gangues com cerca de
cinquenta pessoas abordando, agredindo e roubando...
O destaque
se deve a que este autor defende que o trabalho
policial-militar culmina numa fração diminuta de controle da violência e do
crime, visto que a Segurança Pública é o resultado de um contexto, e este é muito maior que
a presença policial-militar nas ruas.
A partir
do momento em que o encontro de duas torcidas organizadas rivais é suficiente
para a ocorrência de cenas de selvageria e agressões físicas, é possível prever
que qualquer grande ajuntamento de pessoas tem, em forma latente, a violência e
o crime, o que permite entender a surpresa e conformismo das autoridades, a dizer, ocorreu,
em 2013, um número de delitos maior que nas versões anteriores, todavia, é
normal que isso aconteça quando há muita gente nas ruas.
Planejar
um evento com o encontro, em espaços físicos muito próximos, de grupos antagônicos,
por tempo prolongado, com infraestrutura precária para o transporte coletivo e,
sobretudo, com manifestações culturais a incentivar a violência, equivale a
idealizar uma receita muito eficiente para produzir barbárie e crime.
Em uma
cidade como São Paulo não há como organizar (sem a ocorrência de conflitos e
delitos) um evento, nos moldes da Virada Cultural/2013, visto que os números
estatísticos de 2 mortos, 6 esfaqueados e 3 feridos por arma de fogo não
registram a dor da perda para 11 famílias.
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