terça-feira, 25 de junho de 2013

Conjunto de moradias ou depósito de gente?

Há uma mensagem significativa na arquitetura proposta para os Conjuntos Habitacionais, especialmente os destinados à Classe C. Há muito tempo esse tema me acompanha, a inquietar o pesquisador em segurança pública e instigar o cidadão.

Busquei imagens, na internet, de conjuntos habitacionais para encontrar o que eu já conhecia, parece que o projeto nos conduz a olhar os menos abastados (os pobres) ou do alto ou de longe, as moradias parecem se transformar em depósitos de gente, as pessoas moram em espaços diminutos, cercados de outras pessoas e com uma mensagem de “local fechado”. Normalmente não há portas à mostra.
 

 

Sendo um local fechado, normalmente com poucas, ou apenas uma, entradas para a população total, é claro que quem dominar a “portaria” exerce o controle sobre o que acontece no local, desde o bullyng até o tráfico de entorpecentes.

O mais complicado é que a vida é claramente enxotada, há espaço suficiente para centenas, ou milhares, de pessoas, mas não há padarias, restaurantes, etc; estes locais de convivência ficam “fora” do conjunto habitacional, não pertencem àquele local.
 
A contraposição a esta realidade é o condomínio de luxo (ou alto padrão), onde as imagens, normalmente, apresentam espaços amplos e, sobretudo, gente ocupando estes espaços e... vivendo.
 
Será que melhorar as condições de moradia corresponde a "depositar" a favela em conjuntos habitacionais segregados, à margem do espaço urbano público?

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