Me coloquei a analisar, na busca por
significação, os ataques sistemáticos que incidem sobre a performance
policial-militar. Parece-me que algumas pessoas, ingenuamente, realmente
acreditam que o Brasil seria melhor sem policiais, especialmente os policiais
militares (situação explorada neste blog: http://segurancapublicainterdisciplinar.blogspot.com.br/2013/01/um-mundo-sem-policia.html).
Penso que a questão, tanto pelo lado dos
críticos "de carteirinha”, quanto dos policiais militares, reside em percepções
diferenciadas da realidade e, sobretudo, na escala de valores que sustenta tais
percepções, há necessidade de que as ações sejam compreendidas por lentes
diferentes das usuais.
O trabalho policial-militar é analisado, e
decodificado à população, por duas vias principais, os repórteres policiais (a
incluir neste rol os especialistas em segurança pública) e os ativistas pelos
direitos humanos.
Os repórteres policiais, em sua grande
maioria, constituem-se em profissionais que nutrem laços de intimidade com o
ambiente policial (conhecem quartéis, comandantes, delegacias, delegados, etc)
e têm uma visão muito próxima da realidade policial, porém, no meu entender,
visam a defesa das atitudes da Polícia, o que não é o mais adequado à imprensa.
Os ativistas pelos Direitos Humanos têm seu
foco único, ao que tudo indica, às falhas da Polícia, e, por conta disto
parecem entender que todos os problemas de segurança têm como nascedouro
atitudes policiais-militares contra a população, quando muito incluem nesta
conta os cidadãos rotulados como “da direita”, ou ainda, “capitalistas”.
Não há diálogo entre os ativistas e os
policiais militares, no sentido de que as mensagens não produzem significação
e, sem significação, não há entendimento mútuo e os discursos permanecem
inalterados, a realidade também.
Quando um ativista define uma ação
policial-militar como truculenta/violenta, ele não consegue produzir nenhum
significado para policiais militares, visto que a violência é parte do serviço
policial-militar, basta lembrar que quem porta uma arma de fogo ostensivamente
é, em si, um enunciado de violência, logo a violência não é alheia ao
policial, ao contrário, é parte integrante de sua rotina.
O percurso gerativo de sentido para
policiais militares passa pelo filtro do regulamento, ou seja, o policial
militar é formado para cumprir as normas constantes dos regulamentos e, neste
diapasão, é muito mais contundente a mensagem de que uma atitude é contrária ao
regulamento que ser rotulada de violenta.
A reflexão conduz às seguintes
considerações: há um grave equívoco em culpabilizar policiais militares por
ações que foram alinhadas ao regulamento. Para casos em que as ações forem
reprováveis, muito mais adequado, a quem analisa e expressa opiniões, seria
adotar o designativo NÃO REGULAMENTAR, ou mesmo analisar o regulamento e não o
policial militar, em razão de que se o regulamento não for alterado a
performance policial militar também não será alterada. Se há um ator violento e
truculento a ser criticado, esse ator é o regulamento.
A atenção de quem analisa segurança
pública, sobretudo no que se refere à atuação policial-militar, não pode ter
como foco os policiais militares por suas ações, mas às regras pelas quais a
performance policial-militar emerge, isto é, o policial militar não pauta seu
comportamento profissional em razão de valores exógenos aos regulamentos, sejam
eles quais forem.
Uma bala de borracha que atinge a perna de
uma pessoa é tão violenta quanto a que atinge os olhos, todavia no último caso
a ação é contrária ao regulamento, visto que as normas determinam não fazer "mira alta" ao lançar elastômeros contra manifestantes.
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