quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Falta de sintonia entre os discursos sobre segurança

Bandidos sabem que não intimidam a polícia de São Paulo, diz coronel


Ao rever a matéria da Globo News me dei conta de mensagens ocultas, oferecidas ao leitor nas "entre-linhas", destaco dois exemplos:
· O sub-título é sugestivo ao afirmar, pela voz de um “Coronel”, que a Polícia Militar é uma máquina poderosa – uma máquina poderosa, ou seja, dá a entender, equivocadamente, que a Polícia se porta como um exército, visto que o que a torna uma “máquina poderosa” é o aparato bélico (130 mil policiais, todos bem armados, bem equipados, não falta carro, não falta treinamento de qualidade”);
· No decorrer do texto são encontradas outras oportunidades de reflexão e análise do discurso sobre a insegurança pública, como no 1º parágrafo, em que temos a seguinte frase “Combater esses grupos é tarefa constante da polícia” – o que me interessa, nesta fala, é salientar que ao patrulheiro tal afirmação não faz sentido, uma vez que o cotidiano destes profissionais diz, de forma eloquente, que a tarefa constante da Polícia Militar e atender às solicitações recebidas por via do “190”, que se apresentam com tal intensidade que por vezes há ocorrências que entram para a “fila de espera”.

Os dois exemplos, pinçados dentre outras possibilidades num texto com apenas cinco parágrafos, indicam que os discursos da imprensa, dos pesquisadores, de analistas, da sociedade e, sobretudo, do patrulheiro - que afeta, com seu trabalho, todos os outros anteriormente citados -, não estão no mesmo diapasão, há, claramente, falta de sintonia entre as falas.

Não acredito que a solução é encontrar culpados, nem mesmo que seja “catequisar” o mundo com a cartilha da Polícia Militar (ou da Imprensa, ou da Academia, etc, etc, etc), mas me parece muito evidente que a falta de unidade de discurso entre as pessoas (a representar seus grupos) que, presumivelmente, gostariam que as cidades brasileiras fossem locais seguros a oferecer qualidade de vida a seus habitantes favorece a desorganização, a falta de união de esforços, a sinergia positiva, a incompreensão e preconceitos, e, por óbvio, o crime e a violência. Em outras palavras: O QUE QUEREMOS, AFINAL ?

Nenhum comentário:

Postar um comentário