Justamente num concurso de beleza, por
paradoxal que seja, o ponto de destaque foi uma atitude deselegante e “feia”.
Inconformada com a não-escolha, a segunda colocada do Miss Amazonas 2015, arranca a coroa da cabeça da campeã do concurso.
Há algumas publicações, tenho refletido
sobre o enfraquecimento do controle social informal, ao ponto de que a inanição
deste o tornou praticamente inexistente. O termo “controle social informal”,
neste texto, aplica-se a todos os “freios” às nossas condutas que não os
providos, formalmente, pelo Estado.
Partilho com o leitor a definição de
Controle Social, a partir do Lombroso’s blog:
Segundo, Molina[1] o Controle Social se expressa como o conjunto de instituições, estratégias e sanções sócias que pretendem promover e garantir a submissão do indivíduo aos modelos e normas comunitárias. Pode ser dividido em duas instâncias: controle social formal e informal. O primeiro grupo é formado pelos órgãos estatais que compõem o sistema de justiça criminal: polícia, justiça, administração penitenciária, enquanto que o controle social informal é aquele exercido pelos grupos sociais, ou seja, família, escola, profissão, opinião pública dentre outros.
Tomo a liberdade de alinhar o conceito e
aplicação de controle social informal à frase que as mães (responsáveis, tias,
professoras, cuidadoras, etc) repetiam, como alerta, antecedente a castigos
mais sérios, a crianças “arteiras”: “Não faz assim que é feio!”.
O sentido da frase reside no fato de que
ninguém quer fazer “coisas feias”, para evitar vergonha, reprovação, arrependimento...
A questão da Miss Terra Amazonas[2] me
remete à reflexão de que estamos diante de uma alta produção de pessoas que
percebem-se como “centro do universo”, insubstituíveis; aos quais todos devem reverenciar, prestar atenção, ouvir; dotados de muitos direitos e pouquíssimos deveres.
Há uma indicação clara de que a sociedade
está composta por um número crescente de gente que não teme a vergonha, a desaprovação,
a reprovação social, penso que chegam às raias do não reconhecimento destes
freios. Parece que estão acima dos demais, têm direito a expressar seus
sentimentos, opiniões e argumentos sem restrição de hora e local, inclusive com
uso de violência física, como o fato de que arrancar à força a coroa da Miss
Amazonas 2015.
Provavelmente a agressora não buscava a
revogação da decisão em favor de sua concorrente, “apenas” discordou dos votos
e “manifestou” seu descontentamento.
Tem-se aí, neste caso específico, uma atitude
que não é isolada. Se o aluno chega à conclusão de que o professor não o ensina
adequadamente, ele tem o “direito” de se manifestar, mesmo que agredindo-o,
etc...
Lembro as palavras de um comandante de policiamento, chamado por clérigos para explicar a crescente violência e criminalidade numa cidade do interior paulista:
Lembro as palavras de um comandante de policiamento, chamado por clérigos para explicar a crescente violência e criminalidade numa cidade do interior paulista:
Se vocês estivessem com o "rebanho" de jovens aqui na igreja, eles não estariam cometendo crimes lá na rua.
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