Há algum tempo assisti uma exposição
acadêmica sobre as condições a que submetemos nossos adolescentes/jovens,
durante o cumprimento de medidas sócio-educativas (é a popular “cadeia para os
‘di menor’”).
O ambiente é insalubre ao extremo, a
convivência entre os menores e os agentes – bem como entre internos – não é,
nem de longe, a ideal, em outras palavras, um depósito de gente “má”, aos
moldes de um campo de concentração. Tal contexto parece-me produzir um
contingente criminoso, egresso, com mais “qualificações para o delinquir”, isto
é, bandidos mais violentos, mais íntimos de práticas amedrontadoras e prontos
para adentrar o mundo adulto criminoso.
Na fala de um dos internos entrevistados
salta a frase: Isso aqui é um inferno na Terra!
Chamou a atenção - de tudo que vi,
ouvi e assisti -, aquilo que não vi, não ouvi e não assisti. Não vi nenhuma
imagem das residências dos internos, não ouvi nada a respeito das condições de
vida e contexto social e não assisti, em nenhum vídeo, cenas do cotidiano de
jovens/adolescentes em condições similares às dos internos pré privação da
liberdade.
O assunto parece ser um tabu.
Não houve senso prático honesto, pelos
expositores, restringiram seu olhar ao Estado que maltrata os internos.
Quem expõe o Estado que
maltrata adolescentes/jovens antes da privação da liberdade, aqueles que
delinquem e, sobretudo, aqueles que são vítimas dos delinquentes?
Há debates sobre (in)Segurança Pública, mas não
há debates acalorados sobre Justiça. Fala-se muito da ação policial,
especialmente as que resultam em violações dos direitos humanos, mas,
paradoxalmente, os Direitos Humanos, em si, não recebem holofotes sem alguma
denúncia de desrespeito à dignidade da pessoa humana.
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